O aumento de 100% nos preços do minério de ferro, anunciado pela indústria siderúrgica, vai impactar sobre a venda de veículos. O insumo, bastante utilizado na indústria automobilística, que vinha contabilizando recordes de vendas, forçará um aumento de preço dos veículos Segundo o diretor regional da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, Fenabrave BA, Raimundo Valeriano, os aumentos vão impactar negativamente no setor que vinha em franca expansão. “Se aumentar o preço do aço, que é principal matéria prima na indústria automobilística, o preço do carro sofrerá reajuste e haverá queda  nas vendas”, afirma.

O primeiro trimestre de 2010 contabilizou vendas no porte de 31,8 mil veículos na Bahia, representando incremento de 19,13%. Segundo a Valeriano, 2009 registrou vendas de 26,727 mil veículos no Estado e a expectativa para 2010 era de incremento de 10% a 15% na Bahia. “No momento as concessionárias estão vendendo os estoques que ainda tem o IPI reduzido. Se o preço do aço subir é claro que o preço dos veículos vai subir também. Acreditamos que os consumidores devem se antecipar e comprar os veículos ainda sem os impactos dos aumentos do aço”, avisa. Segundo o diretor regional da Fenabrave BA, o setor tem notado desde 1995 um incremento nas vendas na Bahia. Apesar da indústria siderúrgica ter anunciado os aumentos eles ainda não chegaram ao mercado automobilístico.

O diretor geral do Grupo Indiana, Daniel Sampaio, acredita que o aumento do preço do aço e o retorno do IPI gerem impactos sobre as vendas de veículos.

 “No momento o mercado contabiliza os números positivos em vendas. Ainda estamos vendendo os estoques com IPI reduzido. Somente no mês de março de 2010 foram 337 mil veículos vendidos no Brasil. Isso fez o mês de março o melhor da história da indústria automobilística. Num comparativo entre os três primeiros meses do ano, 2010 registrou crescimento de 5,5% num comparativo com 2009.

As montadoras já anunciaram que esperam que 2010 registre crescimento nas vendas no país da ordem de 8%. Estima-se que 2010 haja vendas no Brasil na casa dos 3,2 milhões. Mesmo com os aumentos previstos para os insumos acredito que o setor consiga ter um bom desempenho em vendas”, avalia.

Sampaio acredita que o aumento do poder positivo da população, a facilidade no acesso ao crédito, a estabilidade nos empregos e a melhora na remuneração tenham sido fatores importantes no aquecimento das vendas do setor. “Do outro lado estão as montadoras que realizam promoções tentando ganhar clientes. Vemos isso nos números. Em 2008 o Brasil ocupava a sétima colocação no mercado mundial de automóveis. Em 2009 pulou para quinto e a expectativa para 2010 é que o país seja o quarto mercado ultrapassando a Alemanha, ficando somente atrás da China, EUA e Japão”, explica.

O diretor geral do grupo Indiana disse que no ano passado foram comercializados 24 mil veículos nas lojas do grupo, sendo 16 mil eram carros novos, perfazendo incremento de 11,5% em relação ao ano anterior e que no primeiro trimestre deste ano o grupo registrou crescimento de 16% nas vendas de veículos zero. “Cerca de 60% dos veículos vendidos na Bahia são 1.0. O mesmo se aplica para o Brasil”, destaca.

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, o aumento terá um impacto importante no custo dos veículos. Segundo a entidade, a elevação de preços de produtos siderúrgicos já chegou aos fornecedores de autopeças e reflete diretamente nos custos de produção. A entidade mencionou que o impacto na linha de montagem dependerá das condições de negociação e das estratégias de cada montadora. O presidente mundial da Ford, Alan Mulally, que esteve em visita ao Brasil, disse na ocasião que a montadora via com preocupação os reajustes nos preços do minério de ferro.

 O aumento do aço, aliado ao fim da redução do IPI, que deixou os veículos mais caros nas concessionárias a partir deste mês devem impactar nos preços dos automóveis. Apesar dessas pressões sobre o custo final dos automóveis, Mulally acredita que o mercado brasileiro ainda terá robustez, uma vez que apresenta grande potencial de crescimento. Em sua apresentação, ele destacou que a operação da Ford na América do Sul – onde o Brasil é responsável por mais de 60% das vendas – acumulou 24 trimestres seguidos de lucro.

Tribuna da Bahia

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