Após registrar imagens contendo flagrantes do funcionamento do jogo do bicho nas proximidades de delegacias e batalhões da Polícia Militar no Rio de Janeiro, órgãos vinculados à Secretaria Pública do Estado, a Polícia Federal divulgou nota, nesta sexta-feira, para afirmar que não promove uma “guerra contra cidadãos ou instituições”.

Veículo do contraventor Rogério Andrade, que explodiu após um atentado na tarde desta quinta-feira

Segundo noticiou os jornais “O Globo” e Extra”, que tiveram acesso a parte das filmagens e ao dossiê elaborado pelos agentes federais, o relatório continha duras críticas à suposta omissão da Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Na tarde desta sexta-feira, a PF se apressou em divulgar a nota, afirmando que conta com o “apoio” da secretaria. “Na repressão à prática de jogo clandestino associada a outras modalidades criminosas sempre que se depara com a participação de policiais civis ou militares, como no caso da recente operação ‘Alvará’, [a Polícia Federal] tem contado com o apoio da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, com quem mantém relações de respeito, profissionalismo e cordialidade”, informou a nota.

O fragrante registrado pela PF deu origem a um relatório que foi encaminhado ao procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Cláudio Lopes, que não investigou o caso.

Em nota divulgada no mesmo dia, o Ministério Público do Rio informou que o documento foi encaminhado para a coordenação da 1ª Central de Inquéritos, que requisitou, em 10 de fevereiro de 2010, a instauração de inquérito policial junto à Corregedoria de Polícia Civil para apurar possível omissão de agentes da corporação no combate à contravenção penal.

Segundo a nota, cópias da portaria foram remetidas ao secretário de Estado de Segurança Pública e ao Chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.

O caso, diz a Promotoria, é investigado pelo delegado da Polícia Civil Juber Baesso.

AE
 
 

Submundo abalado

Nos últimos dias, o submundo que controla o jogo ilegal de caça-níqueis no Rio de Janeiro voltou às páginas policiais após o contraventor Rogério Andrade escapar de um atentado à bomba em uma das principais avenidas do Rio, no último dia 8. A ação foi interpretada como um novo capítulo do acirramento da disputa entre grupos que disputam o controle dos caça-níqueis na zona oeste carioca. As máquinas eletrônicas, “sucessoras” do jogo do bicho, têm provocado a cizânia entre os herdeiros dos velhos banqueiros com execuções à luz do dia.

Nesta terça-feira (13), a Polícia Federal deflagrou a “Operação Alvará”, de combate a um grupo que explora as máquinas no Rio, Niterói, São Gonçalo e Maricá.

Na ocasião, a Justiça expediu 29 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão. Entre os presos, estão o presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel, Wilson Vieira Alves, conhecido como Moisés, um inspetor da Polícia Civil e sete da Polícia Militar – incluindo um major que comandou a P2 (o serviço reservado de inteligência) do 7º BPM, em São Gonçalo.

Segundo as investigações, os policiais cumpriam duas funções no esquema: forneciam a segurança e eram informantes sobre ações das autoridades. A Superintendência da PF no Rio chegou a afirmar que a contravenção só é forte no Estado porque conta com o apoio de agente públicos.

IG

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