A nuvem de cinzas de um vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia, deve continuar a prejudicar o transporte aéreo por boa parte do continente europeu neste sábado, segundo agência que controla o tráfego aéreo na região, a Eurocontrol.

“A previsão meteorológica sugere que a nuvem de cinza vulcânica continua a se mover rumo a leste e sudeste e seu impacto deve continuar por pelo menos 24 horas”, disse um comunicado da Eurocenter divulgado às 18 horas (horário local em Genebra, Suíça, 13 h de Brasília) da sexta-feira.

“Dos cerca de 300 voos transatlânticos que diariamente costumam aterrissar na Europa, hoje menos de 120 aterrissaram”, prossegue o comunicado.

Cerca de 60% dos voos vindos da própria Europa foram cancelados. Centenas de milhares de passageiros já foram afetados.

“Em termos de fechamento de espaços aéreos, isso é pior que 11 de setembro. A interrupção é pior do que qualquer coisa que já vimos”, disse um porta-voz do órgão que regulamenta a aviação na Grã-Bretanha, a Civil Aviation Authority.

A Grã-Bretanha ampliou o fechamento de seu espaço aéreo das 7h para o meio-dia do sábado (16h em Brasília).

Prejuízo

A Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo, na sigla em inglês), que representa 230 empresas aéreas, disse que as suspensões de voos estão provocando um prejuízo de mais de US$ 200 milhões por dia para as companhias.

A associação estabeleceu um centro de emergência no Canadá para lidar com a situação.

Entre os últimos países que anunciaram fechamentos de aeroportos estão Hungria, Suíça, Romênia (que deve fechar seu espaço aéreo no noroeste do país).

As restrições aéreas já tinham sido ampliadas nesta sexta-feira, atingindo também aeroportos na Alemanha, Polônia, Lituânia e Áustria.

Camas no aeroporto

A erupção do vulcão na Islândia, que começou na quarta-feira, está lançando cinzas na atmosfera pelo segundo dia consecutivo.

A República da Irlanda, Grã-Bretanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Bélgica e Holanda fecharam seu espaço aéreo. Na França, 24 aeroportos foram fechados (inclusive o Charles de Gaulle, em Paris), e na Alemanha os aeroportos de Hamburgo e Berlim foram fechados.

No aeroporto de Frankfurt, Alemanha, foram instaladas camas de armar para que os passageiros possam dormir enquanto aguardam seus voos.

Especialistas temem que as cinzas contidas na fumaça entrem nos motores do avião entupindo as turbinas. Quando isso acontece, o motor para de funcionar em pleno voo.

As cinzas, no entanto, não apresentam risco grave para a saúde das pessoas. Segundo autoridades de saúde na Escócia, onde a previsão era de que as cinzas começassem a cair na noite de quinta para sexta-feira, a expectativa é de que a concentração de partículas seja baixa.

O serviço de meteorologia britânico Met Office afirmou que qualquer partícula que tocasse o chão seria praticamente invisível.

Ásia

As empresas Qantas, Japan Ailines, Korean Air, Singapore Airlines e Cathay Pacific também cancelaram voos vindos da Ásia e Oceania para a Europa.

“Nossa opinião pessoal é de que pode demorar até domingo” para que os voos sejam retomados, disse o porta-voz da Qantas David Epstein.

O governo da Polônia teme que alguns líderes mundiais não consigam comparecer ao funeral do presidente Lech Kaczynski, no domingo, se a situação não melhorar. Kaczynski morreu em um acidente aéreo no sábado passado.

Vários monarcas europeus não conseguiram viajar para as comemorações pelo aniversário de 70 anos da rainha Margrethe, da Dinamarca, que começaram na quinta-feira.

Erupção

A segunda erupção do vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull em um mês começou na quarta-feira, lançando uma nuvem de fumaça a uma altura de 11 quilômetros na atmosfera. Uma fissura de 500 metros apareceu no topo da cratera.

O calor do vulcão derreteu parte do gelo em volta, provocando enchentes na região na quarta-feira.

Cerca de 800 pessoas tiveram que deixar suas casas, mas as informações são de que, na quinta-feira, as águas tinham baixado. O vulcão, no entanto, continuou emitindo nuvens de poeira em direção à Europa.

Especialistas não sabem quanto tempo esta erupção deve durar. A última erupção vulcânica debaixo da geleira, antes deste ano, começou em 1821 e continuou por dois anos.

Globo/BBC Brasil

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