Uma quadrilha de empresários e médicos acusada de fraudar documentos para a compra de equipamentos médicos dos hospitais públicos do Rio foi desarticulada nesta quinta-feira em uma operação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP). No total, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão e cinco pessoas envolvidas no esquema foram indiciadas.

De acordo com a polícia, a investigação teve início há cerca de quatro meses. Na época, os agentes começaram a averiguar a compra exagerada de espiras – pequenas molas de platina – utilizadas no tratamento de pacientes com aneurisma no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, zona norte do Rio. Segundo levantamento feito pela polícia, cada mola custa para os cofres públicos cerca de R$ 3 mil.

Fraude…

No esquema, os médicos da unidade forjavam a quantidade de 12 molas – número máximo inserido em cada aneurisma. A cada paciente que dava entrada no hospital com diagnóstico de aneurisma, os médicos solicitavam às empresas envolvidas na fraude a mesma quantidade de materiais.

Segundo a polícia, as molas não eram entregues no hospital, mas as notas fiscais de compra eram enviadas à Prefeitura do Rio. Com isso, os fraudadores tinham a possibilidade de usar os objetos em pacientes particulares ou revender o produto por até o dobro do valor. De acordo com o titular da DRCCSP, Fábio Cardoso, pelo menos três pacientes do Hospital Municipal Salgado Filho com aneurisma passaram por cirurgias, mas não tiveram a aplicação dos espiras.

“Cerca de 10 a 20% dos aneurismas necessitam de 12 espiras, mas no Salgado Filho a maioria dos pacientes supostamente precisavam. Em um dos casos verificados, a paciente teve uma oclusão e não necessitou das molas. Esse procedimento foi descrito no prontuário dela, mas a nota fiscal foi enviada à prefeitura no valor de R$30 mil”, explicou o delegado.

Envolvidos

As cinco pessoas envolvidas no esquema de fraude irão responder pelos crimes de falsificação de documento público, uso de documento falso, corrupção ativa, corrupção passiva e formação de quadrilha. Entre os indiciados estão o chefe da neurocirurgia do Hospital Municipal Salgado Filho, Carlos Henrique Ribeiro, e o proprietário da empresa de material médico hospitalar Extension, Jorge Figueiredo Novaes. 

De acordo com a polícia, a empresa de Jorge é a principal fornecedora de materiais utilizados nos tratamentos contra aneurisma no Hospital Salgado Filho. O patrimônio do empresário gira em torno de R$10 milhões em coberturas, carros e uma lancha.

Investigações realizadas apontam que, nos últimos anos, a Extencion forneceu mais de R$ 6 milhões para a Prefeitura do Rio. A empresa venceu licitações para fornecimento de materiais para outros setores da administração pública que ultrapassam a marca de R$ 120 milhões.

IG

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