A secretária-executiva da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Lytha Espíndola, anunciou nesta segunda-feira que a retaliação contra os 102 produtos norte-americanos, que começaria nesta quarta-feira, foi adiada até o dia 22 de abril.

O governo recebeu uma proposta dos EUA para uma solução negociada da disputa comercial –que envolve a política norte-americana de subsidiar produtores de algodão– e vai estudá-la antes de decidir se prossegue com as sobretaxas, disse Espíndola. Segundo a secretária, o novo prazo será dado para permitir a continuidade da negociação entre os dois países.

Spindola avaliou a “negociação com o governo americano como muito positiva”. Ela diz que já se conseguiram compromissos em três áreas: na criação de fundo para financiar projetos da cultura do algodão brasileiro (com financiamento norte-americano de US$ 147,3 milhões anuais); na negociação de novos termos para o funcionamento do programa de garantias de crédito aos produtos agrícolas americanos; e no reconhecimento do Estado de Santa Catarina como livre da febre aftosa.

Baseada na decisão da OMC (Organização Mundial do Comércio), a medida permitia ao governo brasileiro impor sanções, em função dos subsídios que o governo americano destina aos produtores de algodão do seu país. Ela entraria em vigor na quarta, com o aumento de até 100% nas alíquotas de Imposto de Importação dos 102 produtos, o que poderia gerar um prejuízo de US$ 591 milhões ao ano aos exportadores dos Estados Unidos.

“Esta é a primeira vez em sete anos em que o Brasil tem uma contraproposta concreta”, comemorou Haroldo Cunha, presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão).

Para Cunha, a verba do fundo deverá ser investida em estudos e pesquisa na cultura do algodão –um dos produtos brasileiros que sofreram com a concorrência desleal norte-americana, em razão de subsídios.

Se até o dia 22 forem implementadas as promessas norte-americanas, o Brasil dará um novo prazo de mais 60 dias para uma negociação completa com os EUA.

Principal parceiro

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que apesar da disputa, os EUA devem voltar a ser o principal parceiro comercial do Brasil em 2010, reassumindo lugar que haviam perdido para a China no ano passado, principalmente devido à crise.

Amorim estima que os Estados Unidos sejam o destino de 13% das exportações brasileiras em 2010, contra 11% ou 12% da China e 10% da Argentina.

“A China deve ficar um pouco abaixo até porque o comércio de manufaturas do Brasil para os EUA, América Latina e Caribe é muito forte, e isso está retomando.”

(Com informações da Reuters)

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