A venda de veículos novos no país cresceu 17,9% no primeiro trimestre, no confronto com o mesmo intervalo no ano passado, batendo o recorde para o período –que pertencia a 2009– com o emplacamento de 788,1 mil unidades, de acordo com os dados obtidos pela Folha Online.

Março isoladamente também apresentou a melhor marca mensal, com o impulso aos licenciamentos dado pelo último mês de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido, atingindo 353,8 mil veículos, o que engloba automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões.

O montante é 14,6% superior ao recorde anterior, que havia sido batido em setembro passado (308,7 mil unidades). Naquele mês, também houve corrida dos consumidores às concessionárias por causa do tributo, cuja alíquota voltou a subrir gradualmente em outubro.

A partir de hoje, os carros a álcool ou flex de mil cilindradas terão a alíquota elevada de 3% para 5%. Já nos de até 2.000 cilindradas, o percentual passará de 7,5% para 11%. Para caminhões, a isenção do tributo permanece até junho, quando a alíquota retorna a 5%.

André Beer, consultor do setor automotivo e ex-presidente da Anfavea (associação das montadoras), destaca que ainda haverá um “rescaldo” de licenciamentos que serão contabilizados neste mês. “A hora da verdade do mercado começa em maio”, afirma, prevendo emplacamentos mensais em torno de 250 mil unidades e muitas promoções para atrair os clientes às lojas. “Ainda há muito espaço para crescer.”

A opinião é compartilhada por Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos). O ex-presidente da Ford no Brasil ressalta que, além da demanda reprimida, “há o mercado nascente, com o ingresso de parte da população que teve melhoria de renda e passou a ter acesso ao crédito”.

Na sua avaliação, a recuperação do setor se deve à retomada dos financiamentos, não ao benefício fiscal. “Mas, quando há uma vantagem [como a redução de IPI], por que não aproveitá-la?”

O incentivo, concedido em dezembro de 2008 e que até o final de 2009 valia também para os carros a gasolina, foi uma das principais medidas tomadas pelo governo federal para combater os efeitos da crise econômica e estimular as vendas no setor.

A medida surtiu efeito, e os emplacamentos apresentaram um acréscimo de 11,4% no ano passado ante 2008, registrando o terceiro recorde anual consecutivo, com 3,14 milhões de unidades.

Confiança

De acordo com pesquisa da FGV (Fundação Getulio vargas), as indústrias de bens de consumo duráveis atingiram em março 90,9% de utilização da capacidade instalada, influenciadas pelo fim da redução de IPI para veículos e móveis. Na média, o uso ficou bem abaixo desse patamar (84,3%).

A confiança dos empresários desse segmento, aliás, caiu 4,4% entre fevereiro e março, ante um crescimento de 0,6% do índice geral. Para Aloísio Campelo, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, “essa pequena queda se deve à expectativa do que vai acontecer com o fim do benefício fiscal, mas o impacto deve ser moderado”.

O efeito, na sua avalição, será atenuado pelo crescimento da massa salarial, a geração de empregos e a redução da inadimplência.

Folha

Compartilhe