Com os rumores de que o senador César Borges (PR) pode fechar uma aliança com o governador Jaques Wagner (PT), bandeando-se definitivamente para o governo, o comando nacional do DEM lançou uma ofensiva para tentar convencer o senador ACM Jr. (DEM) a disputar a reeleição na chapa do ex-governador Paulo Souto, candidato da legenda ao governo. O ponto alto da estratégia ocorreu na semana passada, em Brasília, quando ACM Jr. e seu filho, o deputado federal ACM Neto, ouviram um apelo dos caciques nacionais do DEM para que o senador dispute as eleições de outubro, depois de assistirem a uma emocionante campanha preparada pelos marqueteiros da legenda para a eventual candidatura do senador.

Tendo como fio condutor uma versão reestilizada do jingle com o célebre refrão “ACM meu amor”, marca registrada da propaganda do ex-senador na Bahia, a apresentação teria levado a família às lágrimas, deixando ACM Jr. visivelmente mais estimulado do que o filho com relação à possibilidade de disputar a reeleição. De volta a Salvador, os dois tiveram uma conversa séria na qual o deputado federal teria exposto ao pai porque, apesar de igualmente emocionado com a campanha, estava menos entusiasmado do que ele próprio com relação ao desafio. Primeiro, Neto considera que, se Jr. aceitar a proposta, terá que que trabalhar duplamente na sucessão – por sua reeleição e pela do pai. Segundo, até hoje o deputado não teria se acostumado com a idéia de ter os dois membros da família devotados exclusivamente à política e longe dos negócios, entre os quais se destaca a Rede Bahia, um conglomerado de veículos de comunicação afiliados à Rede Globo cuja mais nova aquisição é a afamada rádio CBN FM, lançada quinta-feira passada em Salvador com a proposta de balançar o noticiário local. “A presença de ACM Jr. nos negócios sempre deu a Neto a tranquilidade para envolver-se completamente com a política”, diz uma amigo da família. O terceiro aspecto, dizem amigos do deputado, seria o receio do parlamentar de que o pai perca a disputa, o que romperia a marca de invencibilidade eleitoral que a família mantém há anos. Na visão de auxiliares do deputado, uma eventual derrota agora poderia repercutir mal junto ao eleitorado dos Magalhães, atrapalhando os planos de Neto de eventualmente disputar a sucessão estadual de 2014. O problema do deputado está, entretanto, na dificuldade de resistir à pressão do DEM. Abalado pelas denúncias contra o mensalão de Brasília, o partido está com medo de murchar ainda mais no Senado em outubro, quando pelo menos três senadores devem disputar, com chances de vitória, os governos de seus estados, deixando as vagas para suplentes que não são da legenda. ACM Neto preferiria Imbassahy para o Senado A marcação cerrada do DEM sobre ACM Jr. e o filho não cresce à toa. Pesquisas que os democratas fizeram para avaliar seu poder de fogo nos Estados colocariam o senador com uma média de 30% das intenções de voto para o Senado, um número historicamente atribuído ao carlismo e muito próximo do que embala hoje a candidatura do senador César Borges, do PR. “Não podemos perder ACM Jr. no Senado”, disse um cacique do DEM no encontro com os Magalhães em que a campanha para o senador baiano foi apresentada, na semana passada, em Brasília. Na cabeça de ACM Neto, uma outra alternativa é pensada para a legenda na Bahia para a hipótese de o republicano Borges realmente pular para a canoa de Jaques Wagner (PT). Ela se constituiria numa chapa formada por Souto ao governo, o ex-governador Nilo Coelho a vice, e dois ex-prefeitos ao Senado. Um deles seria o democrata José Ronaldo, considerado uma celebridade na região de Feira de Santana, cidade que dirigiu por oito anos. O outro, o ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy, presidente regional do PSDB, que, entretanto, está refratário à idéia de concorrer mais uma vez a uma eleição majoritária, depois de ter perdido o Senado para João Durval (PDT), em 2006 e a Prefeitura para João Henrique em 2008.

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