O camarão defumado, 50 a 70 gramas, está entre R$ 3,98 e R$ 10,98

Não é só na decoração dos mercados que se nota a chegada da Páscoa. O consumidor já sente o impacto do período no bolso, com o encarecimento dos produtos da Semana Santa, que estão em média 5,2% mais caros em todo o país. Na Bahia, os preços dos ovos de Páscoa aumentaram 5% em relação ao ano passado, enquanto peixes em geral e bacalhau subiram cerca de 6%, em comparação com o mês anterior.

De acordo com o presidente da Associação Baiana de Supermercados (Abase), Teobaldo Luiz da Costa, a alta do ovo de Páscoa corresponde à correção da inflação no ano, já o aumento verificado no peixe, tipo de produto mais procurado na capital e cujo consumo chega a dobrar, tem a ver com o encarecimento proporcional garantido pelos próprios fornecedores.

Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgada terça-feira, a alta média de 5,2% está sendo menor do que no ano passado, quando registraram-se 6,8%. Nacionalmente, os ovos de chocolate subiram cerca de 4,6%, enquanto o bacalhau aumentou 3,5%, e o peixe, em geral, 6,6%. A maior alta é a do vinho importado, de 9%.

Quem já começou a pesquisar os preços por aqui, como a diarista Marinalva de Lima, 50 anos, se surpreendeu. “Estão bastante caros. Só as caixas de bombons estão com valores melhores”, avalia. Diante da situação, ela optou por comprar apenas um ovo para a neta de 3 anos e presentear outras pessoas com caixas de chocolate.

Mas, para quem não abre mão dos ovos de Páscoa, há uma grande variedade de ofertas que permite a escolha de acordo com as possibilidades. Nas prateleiras, o consumidor encontra desde os menores e mais baratos aos mais caros e sofisticados. É possível pagar R$ 9,90 por um ovo de 120 gramas, R$ 17 a R$ 20 por um de número 15, R$ 28 a pouco mais de R$ 30 por aqueles de numeração 20, até R$ 40 ou mais por um de 500 gramas.

O comerciante Dante Galle, 32, é um dos que tentam aliar a preferência da filha Bianca, de 8 anos, com os valores cobrados. Este ano, ele disse que irá escolher um ovo mais barato para compensar a alta dos preços. “Está tudo um pouco mais caro do que no ano passado. Vem sempre aumentando um pouco mais”, observa Galle.

Segundo o presidente da Abras, Sussumu Honda, os supermercadistas estão absorvendo parte desse aumento, já que os preços dos produtos pagos aos fornecedores subiram 6,8%, um pouco mais do que os 5,2% repassados ao consumidor – em 2009, havia sido ainda maior, 10,6%. Seja como for, o setor estima crescimento de 8,8% nas vendas ligadas à Páscoa.

Na Bahia, o presidente da Abase estima que as vendas nos dias que antecedem a Semana Santa, de 28 a 1º, cresçam até 30%. “O movimento nos supermercados cresce muito nesta época. Depois no Natal, é a segunda melhor semana para o setor, pois o pessoal reúne a família e come muito”, afirma Teobaldo.

Depois de verificar os preços nas prateleiras, a enfermeira Catarina Lima, 38, resolveu recorrer a uma alternativa para não gastar tanto dinheiro com a compra de ovos de Páscoa para os dois filhos e cinco sobrinhos: “Resolvi fazer em casa este ano”, contou Catarina.

Ceia “salgada” – Se o assunto é a ceia da Semana Santa, não dá para não pensar em um bom bacalhau, para os que preferem o cardápio convencional, ou mesmo a típica opção regional da comida baiana. Em todo caso, o certo é que os preços também estão mais salgados, e a tendência é aumentar nas próximas semanas.

A educadora Marli Santiago, 50 anos, já esteve pesquisando e adiantando as compras em um hipermercado da capital e atesta: “Os preços não estão bons e os produtos não são totalmente frescos”. Ela conta que gosta de preparar uma refeição simples, à base de peixe e salada de bacalhau. O peixe em posta, ela diz ter encontrado a R$ 17 – o inteiro sai mais em conta, mas ela não acha que seja vantagem. Para quem não abre mão do bacalhau, é bom ficar atento: os valores cobrados variam, em média, de R$ 17 a R$ 30. O camarão defumado, 50 a 70 gramas, está entre R$ 3,98 e R$ 10,98.

Para a professora Gilca Carvalho, 59, o segredo para uma boa ceia baiana é procurar os ingredientes nas feiras. “Está tudo encarecendo de uma maneira absurda, principalmente o quiabo e os mariscos. O melhor é comprar antes. É tradição, a gente reúne a família, não tem muito como fugir. Tem que apertar o coração e abrir a bolsa”, brinca a professora.

Na Feira das Sete Portas, o quilo do camarão seco varia de R$ 8, o menor, até R$ 25. O feijão-fradinho fica por R$ 2. O azeite de dendê sai a R$ 4, o litro. “A tendência é aumentar porque a produção, nesta época, é pouca”, justifica o comerciante Leo Souza, 55.

A Tarde

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