Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 25, acusado de matar o cartunista e líder religioso Glauco Vilas Boas, 53, e o filho Raoni, 25, disse à polícia que pretendia sequestrar Beatriz Galvão, viúva de Glauco, quando voltasse de seu refúgio no Paraguai.

Nunes foi preso no domingo à noite ao tentar cruzar a ponte da Amizade em Foz do Iguaçu (PR). Na quinta à noite, ele matou Glauco e Raoni a tiros na chácara do cartunista em Osasco, após tentar sequestrá-lo.

 

Seu objetivo no sequestro de Beatriz era cumprir o “desejo” de esclarecer, por meio de um líder religioso, quem foi seu irmão, Carlos Augusto, 22, em outras encarnações.

Marcos Labanca-15.mar.10
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes confessou o assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes confessou o assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas

“Teria de se ausentar do local, mas voltaria até conseguir realizar seu intento que dissessem que seu irmão é o Cristo encarnado”, diz trecho de seu interrogatório à Polícia Civil de Osasco na quarta-feira (17) em Foz do Iguaçu, onde ele está preso. 

Outro possível alvo de sequestro era o líder religioso de nome Alfredo, também da igreja Céu de Maria, fundada e dirigida pelo cartunista. 

O advogado de Nunes, Gustavo Badaró, confirma o plano do rapaz, mas, para ele, a confissão reforça sua versão de que o rapaz não tinha intenção de matar quando foi à casa do cartunista. Ele diz que a polícia distorce os fatos ao afirmar que o crime foi premeditado. “Em seu depoimento, Carlos Eduardo deixa claro que nunca teve a intenção de matar ninguém.” 

Para a polícia, o fato de Nunes ter vendido drogas por três meses na região da Vila Madalena para comprar a arma, como ele admite, aponta planejamento. 

Ontem, a polícia ouviu a psicóloga Eneida, mãe de Felipe Iasi, 24, que levou Nunes de carro ao local do crime. O objetivo era tentar esclarecer a participação do rapaz. Há suspeita de que Iasi transportou Nunes na fuga após os assassinatos. 

Policiais também cronometraram o trajeto feito por Iasi após deixar a chácara, na rota apontada pelo rastreador de seu carro. Querem saber se, de fato, ele não ajudou Nunes na fuga, como disse em seu depoimento. 

Na quarta, a Polícia Civil apresentou dados a partir do celular de Nunes que apontam que ele percorreu na noite do crime 9 km em oito minutos. A base dos cálculos foram as torres de retransmissão do sinal. 

O advogado de Iasi, Cássio Paoletti, afirmou que a polícia se precipitou em divulgá-los, pois as informações fornecidas pelas antenas não são precisas. 

Os dados com base no celular de Nunes não tiveram autorização de Justiça de Osasco, o que pode levar questionamento por parte da defesa. A polícia diz ter usado uma autorização “preventiva”, para qualquer investigação, fornecida pela Justiça da capital. O Tribunal de Justiça paulista informou que não comentaria o tema, já que poderá ter de analisá-lo futuramente. 

Arte/Folha Online

 

Caso 

Glauco e Raoni foram mortos a tiros na casa do cartunista, em Osasco, na madrugada de sexta-feira (12). Segundo as testemunhas, o suspeito chegou ao local e rendeu, primeiro, a enteada de Glauco, que mora em uma casa no mesmo terreno. 

Cadu era conhecido da família por já ter frequentado a igreja Céu de Maria, que segue os princípios do Santo Daime e foi fundada por Glauco. 

Segundo o relato das testemunhas, Cadu estava transtornado e delirava. Ele estava armado com uma pistola automática e uma faca. Glauco tentou negociar com Nunes e chegou a ser agredido. De acordo com Veras Júnior, Glauco não reagiu. 

No meio da discussão, porém, Raoni chegou ao local de carro. Em seguida, Cadu atirou contra pai e filho, mas os motivos ainda não foram esclarecidos. Os dois chegaram a ser atendidos no hospital, mas não resistiram e morreram. Folha

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