A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou a convocação do tesoureiro do PT e ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) João Vaccari Neto, o doleiro Lúcio Funaro, o advogado da cooperativa Pedro Dallari, e o promotor do Ministério Público paulista José Carlos Blat.

 A ideia da comissão é ouvir cada um deles em dias separados. As datas ainda não foram definidas. Como se trata de convocação em comissão, eles não são obrigados a comparecer.

 Em reunião com mais de três horas de duração, os senadores também aprovaram a criação de uma comissão para checar a situação de cooperados lesados pela Bancoop. Alguns deles estiveram hoje no Senado narrando seus dramas para os senadores. A comissão, ainda sem número definido de parlamentares, deverá ir a São Paulo nos próximos dias vistoriar obras abandonadas e atrasadas da cooperativa. A intenção é que a ida dos senadores à capital paulista ocorra antes do depoimento de Vaccari Neto, Funaro e do advogado Pedro Dallari.

Senadores da oposição reforçaram a necessidade de investigar o caso. “Segundo o promotor Blat, o desvio da Bancoop serviu para financiar a campanha do presidente Lula. O que querem (petistas e governistas) é que o ano da eleição absolva criminosos e corruptos. Mas não vamos permitir isso”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Enquanto os senadores ouviam declarações emocionadas de vítimas da Bancoop na comissão de Direitos Humanos, a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), defendia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que os depoimentos e apurações sobre fraudes da Bancoop sejam centralizados na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle.

Ideli acusou a oposição de tentar paralisar o Senado com o tema e de trazer para dentro das respectivas comissões “um problema que nada tem a ver com suas finalidades”. “Não podemos aceitar o que a oposição pretende, que é paralisar as atividades do Senado, trazer a campanha eleitoral cá para dentro e, para isso, sabotar a atividade legislativa, manietando as comissões temáticas”, afirmou.

A oposição é minoria nas comissões, inclusive na de Direitos Humanos, mas aproveitou o descuido da base para aprovar as convocações. Os governistas costumam “vigiar” as comissões mais visíveis e importantes, como a de Constituição e Justiça.

Para Ideli, o Senado “não pode se transformado em delegacia de polícia”, porque há temas urgentes para se votar, como o pré-sal. Afinado com Ideli, o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), seguiu o mesmo tom. “O Senado não pode parar. E escândalos não faltam no País, há o mensalão do DEM em Brasília, o caso da governadora Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Não podemos apurar tudo isso aqui”, disse.

Estadão

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