A Polícia Civil descobriu, na noite de terça-feira, uma clínica de abortos que funcionava na Gamboa, na zona portuária do Rio de Janeiro. Dez pessoas foram presas, entre elas o médico apontado como o responsável pelos procedimentos ilegais e o suposto dono da clínica, que teria acompanhado todo o trabalho da polícia da rua, disfarçado de pedestre.

Quatro funcionárias e quatro mulheres que teriam se submetido a aborto e se recuperavam em consultórios também foram presas. Outras seis mulheres, entre elas uma adolescente de 17 anos, grávida de quatro meses, foram levadas para a delegacia como testemunhas, ouvidas e liberadas.

Além do crime da prática de aborto, o médico vai responder, junto com o dono da clínica e as funcionárias, por formação de quadrilha e corrupção de menores. O inquérito será enviado ao Conselho Regional de Medicina, para que seja aberto procedimento sobre desvio ético.

As mulheres que já haviam se submetido ao aborto foram encaminhadas à Maternidade Praça XV para serem avaliadas por médicos. As clientes pagavam de R$ 600 a R$ 2 mil pelo trabalho. A clínica não tinha alvará de funcionamento e fazia de 15 a 20 abortos diariamente.

Agentes da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP) investigavam o local há pelo menos 15 dias, depois de denúncias de grande movimentação de mulheres, principalmente à noite.

Medicamentos como antibióticos e anestésicos, além de material e instrumentos hospitalares foram apreendidos. Os peritos também conseguiram recolher restos de material humano, resultado dos abortos.

Segundo o delegado Fábio Cardoso, foram apreendidos documentos que podem servir como provas para incriminar os presos e para ajudar a descobrir outros envolvidos no crime. Também foram encontradas notas fiscais, datadas de 2007, de uma clínica médica que teria funcionado no local.

A polícia vai investigar se o homem que foi identificado como dono da clínica de abortos fez arrendamento do local para a prática de abortos e também para saber se os donos antiga clínica tinham conhecimento ou envolvimento com o crime.

A operação
Na terça-feira, dois casais de policiais disfarçados ligaram para o local dizendo-se interessados em fazer aborto e receberam a orientação. Eles chegaram à clínica por volta das 19h e ficaram atentos à movimentação. Quando tiveram certeza de que estava sendo realizado um aborto, eles acionaram colegas que estavam em ruas próximas.

Estrutura do local
O local contava com uma estrutura que surpreendeu aos policiais. Dividido internamente em quatro andares com direito a cantina, o prédio contava com circuito interno e externo de vigilância eletrônica e tinha oito consultórios em funcionamento, além de obras para construção de pelo menos mais cinco; recepção; banheiros; e dois mini centros cirúrgicos. Tudo com sistema de ar condicionado central.

O Dia

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