Delma Freire, sogra da turista alemã Jennifer Kloker, de 22 anos, assassinada em fevereiro em São Lourenço da Mata (PE), foi presa no início da tarde desta terça-feira sob suspeita de ter oferecido dinheiro para um ex-detento simular a confissão da morte da nora.

O ex-presidiário, de 26 anos, que não teve a identidade revelada, havia confessado a autoria do crime um dia antes, durante entrevista a uma rede de televisão local. Pouco depois, ao ser apresentado ao Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil de Pernambuco, o suposto assassino negou a versão que acabara de contar. Disse que, na verdade, foi orientado pela família do marido da vítima, Pablo Tonelli, de 22 anos, a assumir, por R$ 20 mil, a autoria do crime.

AE
Sogra de turista assassinada chega à delegacia em PE; ela é suspeita de envolvimento

A versão da família é que eles foram assaltados por dois motoqueiros armados em São Lourenço da Mata – e um deles havia sequestrado Jennifer, cujo corpo foi depois encontrado sem vida, alvejado por tiros.

Delma foi levada ao Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) e, após depoimento, será encaminhada a uma colônia penal em Recife. A prisão foi decretada pelo juiz Djaci Salustiano, da comarca de São Lourenço da Mata, na região metropolitana de Recife.

A prisão aconteceu após Delma convocar uma entrevista coletiva juntamente com seu advogado, Célio Avelino, negando a versão do ex-detento. Avelino é também suspeito de instruir o ex-presidiário a assumir o crime. Na última segunda-feira, ele apresentou o suspeito após dizer ter sido procurado por ele, que, segundo a versão do defensor, teria manifestado o desejo de se entregar. Delma é acusada pela própria filha de envolvimento num esquema de tráfico de pessoas – o que ela nega. O advogado diz desconhecer a suposta armação. Ele diz que continua na causa, por entender que a cliente não tem envolvimento com a tentativa de farsa.

A Polícia Civil de Pernambuco solicitou à Interpol documentos que podem comprovar se a vítima possuía seguro de vida, o que pode mudar a condução do inquérito. Segundo a polícia, Pablo e Jennifer não eram casados, mas moravam juntos. A polícia suspeita ainda que Pablo, na verdade, fosse amante do próprio padrasto, identificado como Ferdinando Tonelli, que o adotara supostamente para legalizar sua situação na Alemanha. O viúvo e o sogro da jovem cumprem prisão temporária e são suspeitos de envolvimento no crime. A polícia afirma que a relação de Jennifer com a família de Tonelli era conflituosa. 

Pela manhã, Delma negou a acusação do ex-detento e disse ter conhecido o rapaz no escritório do advogado Célio Avelino, onde o ex-presidiário esteve na tarde de segunda-feira.

A polícia trabalha com as hipóteses de crime passional e envolvimento com tráfico de drogas, embora ainda não descarte a versão de latrocínio (roubo seguido de morte) dada pela família.

O caso

De acordo com a versão da família, o marido, o sogro e a sogra de Jennifer haviam ido com ela até o Terminal Integrado de Passageiros em um carro alugado, na noite de terça-feira de carnaval, para se informar sobre passagens para João Pessoa. Depois teriam sido abordados por dois homens armados em uma moto.

Um deles teria entrado no carro e obrigado a seguir o parceiro na moto, até um lugar deserto. Roubaram celulares e dinheiro e os deixaram a pé.
Jennifer teria se desesperado e gritado por socorro. Foi então levada pelos bandidos.

A polícia, no entanto, descobriu que o GPS do carro apontava trajeto diferente do que informou a família, e impediu a saída deles do País.

Agência Estado

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