O estudante Felipe Iasi, 23, que dirigiu o Gol cinza usado por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, 24, para chegar à casa do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, disse nesta terça-feira que foi sequestrado por Cadu na noite de quinta-feira (11), antes do crime que deixou pai e filhos mortos na madrugada de sexta.
Em entrevista ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, Iasi disse ter sido convidado pelo amigo para fumar um cigarro de maconha, resolver aceitar, e acabou sob a mira de uma arma. “No que eu virei à esquerda, ele já me apontou a arma para barriga falando para eu ficar quieto que isso era um sequestro”, disse.
Em seguida, conforme Iasi, Cadu o levou até a chácara de Glauco em Osasco (Grande São Paulo) e o fez descer do carro enquanto discutia com a família do cartunista, sempre apontando a arma.
“Até então eu não sabia onde eu estava, o que estava acontecendo, o que ele queria fazer ali. Eu simplesmente estava sob a mira da arma e fazendo o que ele estava mandando.”
Em entrevista ao “Fantástico” no domingo (14), a viúva de Glauco, Beatriz Galvão, disse que Iasi ficou sentado no sofá e não tentou impedir a ação de Cadu. “O que ela queira que eu fizesse? Que entrasse na frente de peito aberto e falasse: ‘Não faz nada’? Eu não sabia do que ele era capaz”.
Beatriz chegou a dizer que o estudante levou Cadu embora de carro, mas, em depoimento à polícia, disse que não viu os dois no carro após o crime. De acordo com o delegado Archimedes Veras Júnior, que investiga o caso, apenas João Pedro Correa Costa, amigo de Raoni, declarou ter visto duas pessoas no momento dos disparos que atingiram pai e filho.
Iasi reafirmou o que havia dito à polícia. “Eu saí de lá sem ouvir nada, eu não sabia o que tinha acontecido com aquela família, se tinha acontecido alguma coisa mesmo, ou se eles conseguiram acalmar o menino”. Ele diz que só ficou sabendo do crime no dia seguinte, e não acionou a polícia por medo.
Ontem, o delegado Veras Júnior disse que poderia indiciar Iasi –por contribuição ou coautoria– pelo assassinato do cartunista e de seu filho, mas que dependia do depoimento de Cadu para decidir.
Folha
