A partir de junho, o Brasil terá seu primeiro leitor digital (e-reader, em inglês) 100% nacional. Segundo a Mix Tecnologia – empresa do polo digital de Recife, em Pernambuco –, o MIX leitor-d é o primeiro leitor eletrônico educacional de livros do mundo.

 Desenvolvido ao longo dos últimos dois anos ao custo de R$ 2 milhões e fabricado na China, o dispositivo foi criado para escolas e universidades – será usado tanto pelo professor como pelos alunos. Mas também será testado pelo Tribunal de Justiça de um Estado brasileiro. E por alguns jornais.

Nem as escolas, nem o tribunal, muito menos os jornais podem ser revelados por causa de um acordo de confidencialidade assinado entre a empresa e os parceiros.

Com uma tela de seis polegadas e 16 tons de cinza, conexões Wi-Fi (sistema de internet sem fio), 3G (banda larga móvel), Bluetooth (tecnologia para transmissão de dados, sem o uso de fios e a pequenas distâncias) e uma leitura agradável semelhante à que é oferecida pelo Kindle (chamada de papel eletrônico), o aparelho da loja virtual Amazon. O MIX leitor-d tem preço inicial entre R$ 650 e R$ 1.100.

Mas, graças à Justiça Federal de São Paulo, que definiu o Kindle como livro, a empresa pernambucana pretende recorrer à isenção fiscal, o que baixaria o preço do modelo topo de linha para R$ 650. Nos próximos vinte dias, a Mix Tecnologia deverá saber se o pedido foi aceito ou não.

Segundo Diego Mello, diretor da Mix, a tecnologia Interquiz, desenvolvida pela empresa, “faz com que o aparelho seja interativo e vá além da simples leitura”.

– O professor de história prepara a aula sobre o Descobrimento do Brasil, e a compartilha, em sala de aula e ao mesmo tempo, com todos os alunos por Bluetooth. Depois, cada aluno preenche uma lista de perguntas sobre o conteúdo, e fica sabendo o percentual de acertos e de erros e os comentários sobre cada questão.

 O MIX lê vários formatois digitais de arquivo, como o “.pdf”, da Adobe, o Word, da Microsoft, “.txt” e “.rtf”.

Outra vantagem do leitor digital educacional é que ele permite ao professor e ao aluno acessarem informações da escola. O “mestre”, por exemplo, pode gerenciar informações sobre as turmas e compartilhar com os alunos conteúdos livres, provas e testes, com correção automática.

A empresa ainda não sabe quando poderá vender o aparelho no varejo devido à baixa oferta de conteúdo digital. Muito menos quando deverá colocar no ar sua loja virtual, para vender o aparelho e os livros, porque as editoras ainda não definiram as regras para o mercado.

Um dos trunfos do aparelho, diz Mello, é que sua bateria é bastante econômica. Ela dura aproximadamente 8.000 trocas de página – cada “folheada” digital dura menos de um segundo – o que significa uma autonomia de mais ou menos uma semana.

– Para um país, como o Brasil, que é o maior mercado comprador de livros didáticos do mundo, o MIX é mais interessante do que o notebook nas escolas.

R7

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