A exposição fotográfica Memórias abriu na noite desta terça (9) as comemorações pelos 173 anos da emancipação da cidade histórica de Cachoeira (a 110 km de Salvador), no Recôncavo baiano. O prédio de Câmara e Cadeia Pública, que funciona como galeria e museu na área interna e a sede da Câmara Municipal, foi o local escolhido para abrigar a exposição de 71 fotos que retratam momentos históricos e importantes da Cachoeira de 1910, 1927 e 1935. A inauguração do marco da Independência, em 1930, e a casa onde nasceu e morou Ernesto Simões Filho, fundador do jornal A TARDE, fazem parte do acervo.

Além da exposição de fotos, também foi lançado o concurso de redação para estudantes do ensino médio com o tema ‘A importância de Cachoeira para a formação sociocultural do Brasil’. Segundo Jomar Lima, curador da exposição, as fotos mostram também monumentos arquitetônicos, inaugurações, paisagens urbanas e personalidades. No acervo tem fotos particulares do monsenhor Fernando Carneiro, de João Vieira Lopes, que foi prefeito da cidade, e dos jornalistas Jorge Luís Ramos e Alzira Costa. “São fotos de prédios históricos, como a Capela D’Ajuda, Igreja do Rosarinho, navio Paraguaçu e o convento de Santo Antônio do Paraguaçu. A Câmara foi escolhida para abrigar a exposição por ser um lugar emblemático para o surgimento de Cachoeira”, salientou

O ilustre cachoeirano Ernesto Simões Filho está inserido na história da cidade e na memória da população. O marco da presença do jornalista, advogado e político na cidade é a casa onde ele nasceu e morou, como o Solar Estrela, onde hoje é a sede das Obras de Assistência Social da Paróquia de Cachoeira; a Biblioteca Simões Filho, na Rua Ana Nery; a Rua Simões Filho, onde fica a Igreja de Nossa Senhora do Monte; a casa de número 6, na Rua Tranquilino Bastos, onde Simões Filho nasceu no dia 4 de outubro de 1886, e está localizada ao lado da Igreja do Monte, uma das áreas mais nobres de Cachoeira. No Museu Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na Praça da Aclamação, pode-se encontrar as primeiras edições do jornal A TARDE, capas e fotos doadas pela família.

Para o advogado aposentado Heraldo Cachoeira da Silva, de 82 anos, Simões Filho vive na memória de Cachoeira até os dias atuais. “A passagem da família Simões Filho, que veio de Itiúba para Cachoeira, foi marcante. Enquanto ministro da Educação e filho de um importante comerciante, contribuiu para a história e marcou o desenvolvimento da cidade até hoje”, contou. A família Simões Filho morou em Cachoeira na época da efervescência econômica e próspera da cidade.

A programação continua nesta quarta (10) e quinta (11) com a exibição de filmes da década de 70, 90 e 2000, como ‘Maniçoba’, de Paulo Hermida; ‘Hansen Bahia’, de Joel Almeida; Irmandade da Boa Morte, de Alonso Rodrigues e Campo de Cultura, de Arnaud Conceição. Os curtas tem Cachoeira como cenário ou aspectos de sua cultura.

Cachoeira, um dos poucos meios de comunicação entre o litoral e ointerior do País desde o tempo do Brasil Colonial, foi durante décadas praticamente a única ligação entre a cidade da Bahia e o sertão, levando e trazendo notícias, gente e mercadorias. Em 25 de junho de 1822 na então Vila de Cachoeira foram travadas as primeiras lutas da guerra pela Independência do Brasil, consolidada somente em 2 de Julho de 1823 com a expulsão das tropas portuguesas da Bahia. O trecho navegável do Paraguaçu terminava em Cachoeira, de onde partiam tropeiros e a ferrovia para o interior do Brasil. Cachoeira era um entreposto e viveu nessa época o seu apogeu econômico e político e cultural. A cidade é tombada como patrimônio cultural da humanidade.

A Tarde

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