Brasileira radicada há 20 anos na cidade chilena de Linhares, na sétima região do país, a assistente social Fanny Paola Barrera, 32 anos, foi acordada pela filha de 4 anos minutos antes do terremoto. Ela e seu marido, Juan Carlos Martinez, haviam dormido tarde após ver o festival de verão em Viña del Mar pela TV. A menina tivera um pesadelo e parecia pressentir o que estava por vir. Um terremoto de 8,8° atingiria o país, matando mais de 100 pessoas. “Esta contagem é apenas o começo, muito mais gente morta deve aparecer”, garante.

Cerca de 3h30 deste sábado, ela sentiu os primeiros tremores. Logo em seguida, as paredes da casa toda passaram a sacudir. “Parecia feita de papel, se movia para todos os lados”, disse. O tremor durou um minuto, muito tempo para terremotos. A família ficou imediatamente sem luz, água, e sem notícias do que se passava, com exceção de um rádio a pilha na qual escuta a Paloma, única estação que transmite.

Como obriga seu trabalho, Fanny, que trocou a cidade de Porto Alegre pelo Chile há mais de 20 anos e já tem dificuldade em falar o português, deve trabalhar na reconstrução do país. Ela retorna ao serviço no dia 8 de março. Mas tem certeza de que os próximos dias não serão fáceis. “Com certeza não conseguiremos dormir esta noite”, garante.

Tragédia no Chile
Mais de 140 pessoas morreram morreram após o terremoto de 8,8 graus na escala Richter registrado na madrugada de sábado (27) no Chile. A contagem de corpos pode passar de 180, segundo o canal estatal Televisión Nacional. A presidente Michelle Bachelet declarou “estado de catástrofe” no país.

O tremor teve epicentro no mar, a 59,4 km de profundidade, na região de Maule, no centro do país e a 300 km ao sul da capital, Santiago. Por isso, foi enviado um alerta de tsunami ao chile, Peru e Equador. Segundo fontes oficiais, o terremoto aconteceu às 3h26 pelo horário local (mesmo horário em Brasília). O número de vítimas mortais e de feridos pode aumentar.

Efeitos do estrago
Os danos materiais do terremoto ainda estão sendo avaliados. O muro de uma prisão veio abaixo com o abalo sísmico, o que causou a fuga de mais de 200 detentos na cidade de Chillán, a 401 quilômetros de Santiago. O aeroporto internacional de Santiago foi fechado devido a alguns danos em suas instalações, e várias pontes ficaram danificadas. A luz e o serviço de telecomunicações estão cortadas na região metropolitana e em Valparaíso foram registrados danos internos em edifícios. Os bombeiros correm as ruas de Santiago com megafones dando instruções à população.

Em Santiago, há um forte movimento de automóveis e muitos cidadãos perambulam pelas ruas. Em alguns lugares, falta água potável. Pelo menos três hospitais na capital desabaram e na cidade de Concepción, cerca de 400 km ao sul de Santiago, o edifício do governo local desmoronou e pacientes estavam sendo transferidos dos hospitais, segundo rádios chilenas.

Mais forte que no Haiti
O movimento sísmico, muito mais poderoso que o mortífero terremoto que devastou o Haiti em janeiro, também causou pânico no popular balneário de Viña del Mar. De manhã, policiais e bombeiros percorriam as ruas em distintas cidades do país para verificar a magnitude dos danos e socorrer vítimas.

O terremoto ocorreu poucos dias antes de completar 25 anos do sismo que causou centenas de vítimas e destruiu várias localidades no litoral central do Chile, em 3 de março de 1985.

Com informações da Reuters, EFE e 20 minutos.es

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