O Globo

Um novo salto nas operações de crédito, combinado com receitas extras com o Previ e despesas menores com provisões para calotes, turbinaram os resultados do Banco do Brasil no final de 2009.

O maior banco do país informou nesta quinta-feira que obteve lucro líquido de 4,155 bilhões de reais no quarto trimestre do ano passado, montante 41,1 por cento superior aos 2,944 bilhões de reais obtidos em igual período de 2008.

Em bases recorrentes, o lucro foi de 1,819 bilhão entre outubro e dezembro, 11,9 por cento maior que em igual intervalo de 2008. A estimativa média de nove analistas consultados pela Reuters era de lucro recorrente de 1,802 bilhão de reais.

O principal motor desse resultado foi a disparada de 33,8 por cento da carteira de crédito no ano passado, para 300,829 bilhões de reais, com destaque para o segmento pessoa física, cujos financiamentos deram um salto de 88,1 por cento, para 91,79 bilhões de reais .

Esse desempenho foi bastante superior ao registrado pelos maiores bancos privados no país no período. Em 2009, as operações de crédito do Itaú Unibanco cresceram apenas 2,4 por cento, enquanto as do Bradesco evoluíram 6,8 por cento e as do Santander avançaram 1,7 por cento.

Os números também ilustram o ganho de mercado registrado pelos bancos públicos no relatório de crédito divulgados na véspera pelo banco Central, já referentes ao primeiro mês de 2010. A fatia dos estatais, que era de 34,2 por cento do sistema em setembro de 2008, alcançou 41,6 por cento no mês passado, segundo o BC.

“A ampliação do market share dos bancos públicos é resultante da trajetória crescente do volume de crédito concedido por essas instituições desde a eclosão da crise financeira internacional, em comparação ao maior conservadorismo das instituições privadas”, disse o BB em relatório.

Vale lembrar que os dados do BB incluem os números integrais do banco Nossa Caixa e da parcela de 49,99 por cento detida no banco Votorantim, operações adquiridas no início de 2009.

Outro item que contribuiu para o resultado foi o menor provisionamento para perdas esperadas com calores (PDD), que encerrou dezembro em 18,617 bilhões de reais, 2,4 por cento menos do que três meses antes, embora ainda 36,2 por cento maior do que o de dezembro de 2008

A decisão de reduzir as provisões foi lastreada na queda dos níveis de inadimplência. No último quarto de 2009, o saldo de operações vencidas com prazo superior a 90 dias, atingiu 3,3 por cento, acima dos 2,4 por cento de dezembro de 2008, mas cadente em relação ao pico de 3,6 por cento atingido em setembro.

Por fim, eventos não recorrentes, como a receita extra de 3,03 bilhões de reais referentes à contabilização ganhos atuariais não reconhecidos do Plano de Aposentadoria e Pensão dos Funcionários do BB, o Previ, acrescentaram 2,336 bilhões de reais ao lucro do trimestre.

As receitas com serviços no trimestre foram de 3,61 bilhões de reais, crescimento de 17,9 por cento na comparação anual.

No fim de 2009, os ativos totais do BB somavam 708,549 bilhões de reais, ante 521,273 bilhões de reais doze meses antes, um avanço de 35,9 por cento.

Considerado todo o ano de 2009, o banco estatal obteve lucro líquido de 10,15 bilhões e o recorrente ficou em 8,506 bilhões de reais, 15,3 por cento e 27,2 por cento superiores aos de 2008, respectivamente.

Para 2010, o banco estatal prevê uma expansão de 18 a 23 por cento de sua carteira de crédito.

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