O executivo Julio Camargo, apontado como elo de empreiteiras com o esquema de corrupção na Petrobras, aceitou pagar multa de R$ 40 milhões no âmbito da delação premiada que fechou com o Ministério Público Federal, segundo os investigadores da Operação Lava Jato. Camargo depôs na semana passada para três procuradores da República e um delegado da PF. Eles insistiram em saber de suas relações com o ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera, engenheiro Renato Duque. Uma pergunta reiterada a Camargo é se ele fez depósitos no exterior para Duque. Ele é o terceiro alvo da Lava Jato que firma acordo de delação premiada. Com a delação, Camargo pode obter acentuada redução de pena, até mesmo o perdão judicial. Julio Camargo temia ser preso a qualquer momento pela Lava Jato, que entrou em sua segunda etapa, agora concentrando fogo nas empreiteiras. Seu relato confirma a existência do cartel das construtoras na Petrobras. Camargo já confirmou o envolvimento direto de pelo menos duas gigantes da construção. A Toyo Setal, que Camargo representava, realiza atividades de projeto, construção e montagem na modalidade de EPC (Engenharia, Suprimentos e Construções), em unidades industriais, nos segmentos de óleo e gás, petroquímica, química, mineração, infraestrutura, plantas de geração de energia e siderurgia. A Toyo trabalha também com estaleiros, na fabricação e serviços de construção de módulos para plataformas offshore, incluindo unidades de geração de energia elétrica, de compressão de gás e de processamento de petróleo. A Toyo e Camargo aparecem em uma planilha que a PF apreendeu. O documento indica contribuições de Camargo a partir de março de 2010, provavelmente para a campanha eleitoral daquele ano. A empresa e ele foram citados pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa em depoimento à Justiça Federal. Camargo é o controlador de três companhias (Piemonte, Auguri e Treviso) que recebiam aportes de empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, alvo da Lava Jato. Por meio de sua assessoria de imprensa, Renato Duque disse desconhecer “o conteúdo de qualquer depoimento de Julio Camargo”. O engenheiro assinala que não é acusado de nenhum crime e afirma não saber de crimes na Petrobras durante sua gestão na Diretoria de Serviços.  Fonte: Estadão

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