Zé Maria Caires aposta que Lídice precisa apenas chegar ao Segundo Turno para se tornar a primeira governadora da Bahia

Zé Maria Caires aposta que Lídice precisa apenas chegar ao Segundo Turno para se tornar a primeira governadora da Bahia

Visionário e bem articulado política e socialmente, o empresário José Maria Caires tornou-se o principal interlocutor entre o Município de Vitória da Conquista e os órgãos públicos diretamente responsáveis pela construção do novo aeroporto local. Graças ao “Conquista Pode Voar Mais Alto” – movimento que ele articulou e cuja força deu impulso a uma série de debates, eventos e reuniões – todo o processo foi acompanhado par e passo. Foi dele também a ideia de tornar Vitória da Conquista centro de treinamento da Copa do Mundo.

Recentemente, ele recebeu da Câmara de Vereadores o Título de Cidadão Conquistense, honraria que, segundo ele mesmo afirma, serviu para reforçar ainda mais seus laços com a cidade. ”Um dia depois de ter recebido o título eu me senti diferente, senti que minha vida mudou a partir dali”, afirmou ao Blog do Fábio Sena em uma longa conversa na qual ele fala também dos desafios que a cidade experimenta e que exigirão dos gestores cada vez mais planejamento e habilidade para o diálogo.

Natural de Dom Basílio, cidade pela qual se elegeu prefeito aos 24 anos, José Maria Caires jogou duro na enxada, como trabalhador rural, antes de tornar-se professor municipal e antes de ser aprovado para um concurso do Banco do Estado da Bahia/Baneb. Por insistência do prefeito da época, topou a empreitada de disputar a Prefeitura pelo antigo PDS, vencendo as eleições. “Tem trinta anos que fui prefeito de Dom Basílio e até hoje tem pessoas que lembram de mim e se fizer uma pesquisa lá hoje eu saio como um dos melhores prefeitos da cidade”.

Bem-sucedido na área de turismo, Zé Maria Caires não desprega o olho da política, antenado especialmente com os desenhos do tabuleiro local, sem deixar de opinar acerca das disputas em outros níveis. Ele acredita, por exemplo, que Rui Costa não encanta o eleitorado e que a escolha de seu nome favorece a candidatura de Lídice da Mata. “Rui Costa não é a pessoa que a cidade quer”, e “Lídice só precisa chegar no segundo turno para ser governadora da Bahia”, prevê o empresário.

LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

BLOG DO FÁBIO SENA: Quem é José Maria Caires?
JOSÉ MARIA CAIRES: Sou natural de Dom Basílio, morei lá até meus dezoito anos, mas agora sou também conquistense. Acabei de receber o Título de Cidadão Conquistense, uma coisa que me gratificou muito. Na verdade, eu imaginava diferente, só que um dia depois de ter recebido o título eu me senti diferente, senti que minha vida mudou a partir dali. Foi uma coisa interessante que me tocou bastante e eu quero agradecer a iniciativa do vereador Arlindo e também da Câmara em ter aprovado esse Título de Cidadão Conquistense. Eu trabalhei na roça até os dezoito anos, trabalhei na enxada literalmente, convivi como trabalhador rural.  Minha mãe um dia achou que eu devia estudar, meu pai até foi contra que eu estudasse, que não tinha condição. Eu saí da roça, morava na zona rural e fui depois para a cidade, onde eu fiz o curso ginasial na época. Concluído o ginasial, minha mãe não ficou satisfeita e me mandou para Livramento, onde eu fui fazer o 2º grau. Me formei em Magistério e Contabilidade, fiz dois cursos. Naquela época fiz o concurso do Banco do Estado da Bahia, fui o 4º colocado no concurso e o banco chamou os primeiros lugares para trabalhar em Livramento, no BANEB. Aí trabalhei no BANEB, em 1980 entrei no banco e trabalhava na Prefeitura de Dom Basílio e lá o prefeito me fez uma proposta de que eu não fosse para o banco, que ele cobriria a oferta do salário do banco, mas eu acabei optando em ir para o banco.

BLOG DO FÁBIO SENA: Você gosta de política e participa ativamente da vida social da cidade. Você se declararia de esquerda, de centro, de direita? Como você se autoproclamaria, qual o seu discurso ideológico?
JOSÉ MARIA CAIRES: Quando houve essa interrupção e eu fui para o Banco, eu trabalhava na Prefeitura, eu era professor municipal e trabalhava com um prefeito que era ligado a Antônio Carlos Magalhães. Então, eu fui prefeito, na época, prefeito do PDS, então bem ligado à direita, mas um pouco revolucionário, até por ter sido jovem. Tem trinta anos que fui prefeito de Dom Basílio e até hoje tem pessoas que lembram de mim e se fizer uma pesquisa lá hoje eu saio como um dos melhores prefeitos da cidade. Então acho que foi uma coisa bem revolucionária. Fui prefeito aos vinte e quatro anos. Então, nessa parte ideológica, partidária, eu sou meio irreverente, não sou nem muito direita, nem muito esquerda, eu sou do centro e acho que você tem que transitar bem com todas as facções. Tem defeito na direita, tem defeito na esquerda, todo mundo tem seus defeitos.

BLOG DO FÁBIO SENA: Você elegeu-se prefeito muito novo. Como foi essa façanha?
JOSÉ MARIA CAIRES: Quando eu passei no concurso do Banco, que o prefeito me fez a proposta, ele queria que eu fosse realmente prefeito e ele não tinha dito isso para mim, mas ele trabalhava nos bastidores.

BLOG DO FÁBIO SENA: Então já havia uma construção?
JMC: Minha família era uma família de políticos. Na verdade meu tio, meus parentes, o próprio Zezito, que foi quem me indicou na época, que era o prefeito e já tinha sido duas vezes prefeito da cidade, mas eu acho que ele também considerou o meu trabalho, eu tinha um bom relacionamento com os vereadores, transitava bem, apesar de jovem. Eu fui sem vontade até de ser prefeito, não era meu desejo. Mas, foi uma coisa que me gratificou muito e que valeu muito na minha vida.

BLOG DO FÁBIO SENA: Você iniciou um movimento em defesa da construção do aeroporto e acabou por tornar-se referência obrigatória sobre o assunto. Como você iniciou esse movimento “Conquista pode voar mais alto”?
JMC: Eu tive um momento difícil na minha vida quando eu perdi a minha filha num acidente, uma coisa triste na minha vida, uma coisa que eu carrego como uma coisa pesada. Mas, a gente tinha que continuar a vida e a gente achou que podia fazer algo pela cidade, cuidar de crianças cancerosas, de indigentes na rua, pois você passa e desaba psicologicamente, emocionalmente. E aí, eu, Lucas e Valmária, minha esposa e meu filho, sentamos e achamos que podíamos fazer alguma coisa dentro de nossa área. E tem também a contribuição de Lucas nesse aspecto. Colocamos, mas não imaginamos que a coisa tomaria essa dimensão, mas fizemos isso com muita determinação, porque Vitória da Conquista precisa muito do aeroporto. Se você perceber, ontem, por exemplo, foi um caos: não veio a bagagem, o vôo foi cancelado. Todo dia você tem transtorno. E a gente fez a campanha sem imaginar que teria essa dimensão e ela cresceu e foi uma coisa que a sociedade aprovou, quis e acabou sendo interessante.

BLOG DO FÁBIO SENA: O aeroporto chega, de fato? Quando começam de fato as obras?
JMC: Olha, há uma ansiedade da gente. As pessoas, por exemplo, que me encontram na rua, falam assim: “Ah, mas daqui vinte anos vai ter aeroporto”. Todo mundo acha isso porque o serviço público é muito burocrático e a gente compreende isso, a gente convive muito com o serviço público e a gente percebe que essa coisa é real. Mas, tudo o que aconteceu de demora nesse aeroporto, eu quero dizer que conspira a nosso favor. Primeiro, quanto mais ele demorou para sair, mas ele foi provando para a sociedade da importância que ele é para o desenvolvimento daqui e os recursos que aconteceram nesse processo licitatório acabou valorizando esse processo. A inabilitação de empresas que aconteceu nesse relançamento também foi muito importante, porque as empresas que foram inabilitadas entraram com recurso administrativo e a comissão entendeu que devia considerar o recurso. Por que foi tão importante reconsiderar o recurso? Porque essa mesma empresa teve a possibilidade de participar da abertura dos preços e ela perdeu no preço em não ter sido aprovada no processo. Eu acho assim: está redondo, está tudo pronto, a licitação está pronta e eu não vejo perspectiva de nenhum recurso retroagir o processo. Já venceu o prazo de interposição de recurso. E o que a gente espera de agora em diante é a homologação e ordem de serviço, que pode começar em janeiro, fevereiro, mas como todo mundo sabe que em janeiro e fevereiro o Brasil para e a Bahia não é diferente disso, acredito que em março os tratores começam as obras.

BLOG DO FÁBIO SENA: Depois do aeroporto, quais as prioridades para lidar com tudo aquilo que este tipo de equipamento traz consigo?
JMC: A gente sempre diz que o aeroporto é o gargalo do crescimento, então a cidade tem que se preparar. As pessoas cobram muito e dizem: “Ah, o aeroporto vai aumentar a insegurança da cidade”. A gente sabe que o desenvolvimento tem esse lado ruim e tem o lado bom da geração do emprego, da renda, do destaque da cidade, mas ele trás algumas coisas, uma questão é a segurança, a outra é a infraestrutura, a própria mobilidade. Mas eu tenho percebido que a cidade hoje está… o próprio empreendedor da área da construção civil não está muito dentro só no perímetro urbano, no centro da cidade, ele está começando a se deslocar e, se a gente começar a criar vetores de crescimento nas margens da cidade e mais para fora, você vai ter uma inversão da questão da mobilidade; por exemplo, pessoas que moram na cidade vão passar a trabalhar na zona oeste. Então, o trânsito começa a ter um viés contrário. Então na hora que você começa a ter esse fluxo reverso do que está acontecendo hoje, todo mundo vindo para o centro, vai melhorar. Mas, há de sempre ter a preocupação, não só da administração pública, que não é a única responsável por isso, mas dos empreendedores também de criarem alguma coisa mais distante da cidade, o que acontece no mundo inteiro e em Conquista não pode ser diferente.

BLOG DO FÁBIO SENA: Já que você citou a administração publica, qual o papel da administração nesse processo de vinda do aeroporto e consequente ampliação das demandas?
JMC: Tem que pensar a cidade dentro de uma agilidade. O próprio alvará de licença para a construção, eu acho que tinha que ser uma coisa mais integrada, mais rápida, mais veloz. As respostas devem ser mais rápidas. Eu não estou aqui nenhuma critica, eu acho que o Governo Guilherme é um governo tranqüilo, não tem essa questão de perseguição com “A” ou com “B”. O alvará não sai não é por questão política, de escolha. Eu participo demais do processo na Prefeitura de licitação e eu vejo que é uma equipe preparada, não existe interferência de secretário na decisão da comissão de licitação e também na liberação de qualquer obra, eles seguem bastante à risca, mas eu acho que tem que modernizar, até na parte de sistema para você não precisar ir na Secretaria da Fazenda para saber se está quite com a Secretaria para liberar o alvará. Então tem que haver uma integração, uma modernização do sistema porque a cidade cresceu e o sistema que está aí precisa melhorar. A cidade está no caminho certo. Ela anda bem e a gente espera que ela cresça nos próximos vinte anos além daquilo que todo mundo imagina. Uma cidade para 600.000 habitantes.

BLOG DO FÁBIO SENA: O que você espera das eleições de 2014 em nossa cidade, em nossa região?
JMC: Ainda está cedo, porque ainda não estão postas as candidaturas para 2014. Tem só uma candidatura, a de Rui Costa do PT e a candidata que é Lídice. Eu acho o seguinte: no quadro que esta aí o Rui Costa não é a pessoa que a cidade quer. É claro, não começou a campanha, mas eu não vejo como uma candidatura forte, embora se saiba que tem toda uma estrutura do Governo e de toda a máquina administrativa , mas o Brasil tem dado ultimamente alguns sinais de exaustão de mandatos longos.A gente teve alguns exemplos aqui que, por sinal, não acho que não foi nem acertado, o Sindicato dos Bancários, por exemplo. Conheço a nova diretoria do sindicato, pessoas da melhor qualidade, pessoas competentes e sem nenhum motivo eles tiraram o presidente do Sindicato. Então, esses sinais tem dado em alguns setores e eu não sei também se esse é o momento do PT tentar se renovar. Eu imagino que já existe um sinal de cansaço. Eu acho que Lídice só não será governadora da Bahia se ela não for para o segundo turno, porque se ela for tem chances reais de ser governadora. Primeiro porque o grupo do ACM Neto jamais votará em Rui Costa. Então, se eles não forem para o segundo turno e estiverem Lídice e Rui Costa, todo mundo do PMDB, Geddel inclusive, vão ficar com Lídice. Se, por exemplo, Rui Costa não for para o segundo turno ou Lídice ou alguém do DEM, Rui Costa vai ficar com Lídice. Então, eu tenho uma impressão que Lídice só precisa chegar no segundo turno para ser Governadora da Bahia. Ela está dentro de um quadro político que está Marina, tem a aprovação do governador de Pernambuco, que é candidato a Presidente da República e é um grande puxador de voto, e ela está engajada dentro desse processo. Ela não é muito conhecida, mas ela tem uma sorte porque o candidato do PT também não é conhecido e ela é senadora, já foi prefeita da capital, tem uma história política que credencia muito mais que Rui Costa e de que outros que estão por aí. Acho um bom nome e hoje existe uma tendência das mulheres no poder, a exemplo da presidente Dilma. E outro dado é que a maioria dos eleitores do Brasil e da Bahia é mulher.

BLOG DO FÁBIO SENA: E Conquista?
JMC: Em relação a Conquista, o que se escuta nas ruas é que a oposição não tem nome, mas a situação também não. Ninguém tem nomes, assim, que encantem. Temnomes muitos competentes, muitas pessoas capazes, mas que não se destacam. Tem a liderança Guilherme que não poderá ser candidato na próxima eleição e a gente não vê nomes que podemos dizer que está consolidado com uma vitória garantida. Agora, tem muitos quadros no PSB, no PT, no PSDB. A cidade de Vitória da Conquista tem vários nomes. Eu tenho, por exemplo, bons nomes, mas que eu não vou citar.

BLOG DO FÁBIO SENA: Vamos imaginar que você hoje tivesse que se apresentar como candidato a prefeito, o que você elogiaria e o que você diria que precisaria melhorar?
JMC: Vitória da conquista é considerada a melhor cidade para morar, uma cidade boa, que desenvolve, que cresce e quando cresce também tem problemas. Hoje Conquista tem o aeroporto, que não precisa nem falar mais nisso, pois já é uma coisa definida; tem a questão da água, para o crescimento você precisa da água; a questão da segurança, a gente precisa melhorar, eu vejo que o CONSEG tem trabalhado bastante para resolver o problema da segurança e não tem encontrado no Governo do Estado a resposta que a sociedade pede e precisa. Por exemplo, a Casa de Acolhimento do Menor Infrator é uma coisa simples, mas que podia ter, porque hoje a segurança é um problema do Brasil inteiro e em Conquista não podia ser diferente. Conquista só tem um agravante, é que em Conquista existe a indústria do menor, o maior infrator usa o menor para fazer isso e como você não pode ter a detenção dele, ele acaba sendo solto imediatamente e criando um problema. Então, a segurança é outro problema.

BLOG DO FÁBIO SENA: A cidade cresce e os problemas se avolumam…
JMC: Eu acho que Conquista cresceu e o Governo está atento. Tem o Minha Casa Minha Vida que melhorou a cidade, tem muitas ruas pavimentadas. A gente tem que cobrar, mas tem também que falar que muita coisa tem sido feita. O poder público não é omisso, é que as demandas são superiores à capacidade de realizar. A cidade cresce e crescem também os problemas.

Fonte: Blog do Fábio Sena

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