O central Michael, jogador do Vôlei Futuro,conversou com o iG nesta terça-feira, um dia depois de ouvir insultos homofóbicos da torcida do Sada/Cruzeiro. Por telefone, o jogador confirmou que é homossexual, disse que lutaria contra o preconceito independentemente de sua orientação sexual e admitiu que está com medo de voltar a jogar no ginásio de Contagem, local do incidente na primeira partida da semifinal da Superliga masculina.

 

Foto: Divulgação/Vôlei Brasil

Michael, jogador do Vôlei Futuro

“Eu não tenho problema [com minha orientação sexual], mas eu nunca precisei falar. Meus amigos e minha família  me conhecem, conhecem o Michael. Eu sou [homossexual], mas, independentemente da minha orientação sexual, estou aqui, falando sobre esse assunto para que isso não aconteça mais. Eu sei que [o preconceito] não vai mudar de uma hora para outra, mas eu tinha que fazer o alerta”, disse o jogador ao iG.

Agora que o caso teve enorme repercussão, Michael teme retaliações em um possível terceiro jogo da série semifinal, que seria mais uma vez em Contagem.

“Com certeza a gente tem medo de voltar lá, mas sei que estão tomando todas as providências necessárias”.

O Vôlei Futuro encara o Sada/Cruzeiro no segundo jogo da semifinal, em Araçatuba, neste sábado. Se vencer, fará a terceira partida da série na casa do time mineiro, dono de uma campanha melhor na fase de classificação.

No primeiro jogo da série, vencido pelo Sada/Cruzeiro por 3 sets a 2, Michael afirmou ter sido ofendido desde o começo do confronto.

“Foi uma coisa que assustou logo no começo, ter uma manifestação assim, tão grande. Era todo mundo gritando ‘gay, bicha’. Independentemente da minha orientação sexual, foi um ato de preconceito. Antes já tinham acontecido casos isolados, e a gente sabe que isso faz parte da torcida. Mas do jeito que aconteceu foi muito triste, uma coisa realmente assustadora”.

 

Foto: DivulgaçãoAmpliar

Michael (direita) conversa com o levantador Ricardinho em partida do Superliga 2010/2011

 

Segundo o meio de rede, seus amigos e familiares escutaram as ofensas pela TV (o jogo estava sendo transmitido ao vivo pelo Sportv) e logo se manifestaram. “Foi um desconforto muito grande. Logo depois, meus amigos vieram falar comigo pelo Twitter. Eles disseram: ‘Mas que palhaçada é essa?’. A minha família também veio falar comigo e me disse que estava tudo bem, que não tinha nenhum problema. As meninas do time feminino do Vôlei Futuro e os rapazes da equipe, todo mundo se solidarizou”.

Para o jogador, a atitude da torcida do Sada/Cruzeiro, que lotou o ginásio na cidade de Contagem, não ofendeu o atleta que estava em quadra. “Eu estava ali como um jogador, para fazer o meu trabalho e ajudar o time a conseguir a vitória. Se fosse um ou outro falando, até que tudo bem. Mas foi todo mundo. Eles estavam ofendendo o Michael, não o jogador. Isso foi abominável”.

Agora, com a reapresentação ao time e a volta aos treinos para a sequência da semifinal, Michael diz que o ocorrido fica em segundo plano. “Agora eu estou focado no time. O que eu tinha que falar eu já falei, o que eu tinha que fazer eu já fiz. Agora, é pensar só no jogo de sábado, que é fundamental para a gente na Superliga, e eu quero estar bem. O que poderia ter feito para ajudar eu já fiz”. Portal IG

 

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