Silvana Blesa/ Tribuna da Bahia

 Em 12 horas, a Central de Telecomunicações da Polícia Civil e Militar (Centel) registrou onze execuções. Um triplo homicídio foi registrado na região conhecida como Iraque, situado no Centro Industrial de Aratu (CIA). Os três jovens foram mortos a tiros, dentre eles, Fernando Henrique Elias de Souza, 16 anos. Agentes da 8ª Delegacia que investigam o triplo assassinato não sabiam dar maiores informações, alegando a greve da Polícia Civil. Os corpos foram removidos sem passar pela perícia no local. Desde a noite de sexta-feira até a manhã de ontem, 30 corpos deram entrada no Instituto Médico Legal (IML), três a mais do que o registro da Centel até a madrugada de ontem.

 Em outro caso, uma cena chocou moradores do bairro do Caji. Dois homens, com idade entre 25 e 30 anos, de cor negra, foram encontrados mortos, com várias marcas de tiros e facadas pelo corpo. O crime aconteceu numa localidade conhecida como Estrada do Cabo Sul, no final de linha do bairro do Caji, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. As vítimas estavam com mãos e pés amarrados e algemados. Um dos rapazes trajava bermuda com estampa clara e usava meias.

 

O outro jovem vestia apenas uma bermuda verde. Uma mulher percorreu a pé mais de dois quilômetros para ver se conhecia as vítimas. Populares disseram que os rapazes não são moradores do bairro. Durante a madrugada, a vizinhança acordou com os tiros e gritos das vítimas, que foram levadas até a localidade por um carro e executadas.

Agentes da Polícia Militar estiveram no local, mas se retiraram sem ao menos esperar o transporte do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues. Os corpos foram levados pelos funcionários do IML, também sem passar pela perícia, devido à greve da Polícia Civil. A 23ª Delegacia irá investigar o crime, mas não forneceu maiores informações devido à greve.

MORTOS – Em Cosme de Farias, Bruna Afra Ferreira dos Santos, de 18 anos, foi executada a tiros. O corpo foi levado para o IML, mas nenhum familiar havia comparecido. Na 6ª Delegacia, onde o crime será investigado, um agente disse que na ocorrência não havia maiores dados da vítima e nem a motivação do assassinato. 

Na Liberdade, Jonas Santana Batista, 21 anos, foi executado a tiros. Já em Itinga, Região Metropolitana outra vítima foi morta de forma semelhante. No bairro do Lobato, Raimundo Silva Nere, 31 anos, foi executado com vários tiros. Já em Candeias, um homem ainda não identificado foi espancado até a morte. Todas as vítimas da violência não tiveram a perícia no local do crime e nem foram acompanhadas por policiais da área que irão investigar.
 
Ontem pela manhã, uma mulher que esteve no IML disse que seu vizinho teve a casa invadida no bairro de Sussuarana, na última sexta-feira, e foi executado a tiros. Os parentes da vítima entraram em contato com a polícia para informar sobre o óbito, mas os agentes alegaram greve e disseram que nada podiam fazer. Eles então ligaram para o IML, mas, segundo a mulher, o órgão só fez a remoção do corpo na noite de domingo.

“É um absurdo. O povo é que está sofrendo com essa greve. Os familiares tiveram que permanecer na mesma casa que o corpo estava por quase dois dias”, disse a mulher, que pediu anonimato. O número de corpos impressionou até os funcionários do IML. “Tem mais de 30 corpos, desde o final de semana”, disse um rapaz que trabalha no local.

Universitário é executado

O estudante universitário  Célio Vinicius Lima Ribeiro, 18 anos, foi assassinado na noite de domingo, no posto de gasolina Shell, no bairro de Pernambués.

 A vítima estava em companhia da namorada, quando dois homens, em um veículo Gol branco, o abordaram. Um deles desceu do carro, disparando vários tiros contra o jovem. De acordo com um amigo que não quis se identificar, testemunhas disseram que a namorada só não foi morta porque não havia mais munição na arma do suspeito.

 Célio estudava na Unijorge, onde cursava o 1ª semestre de Engenharia de Petróleo e Gás. Policiais da 11ª Delegacia investigam o caso, mas, até a noite de ontem, nenhum suspeito teria sido preso.

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