Imagem: World Watch Monitor

Na República Democrática do Congo, guerrilheiros islâmicos da Defesa Internacional Muçulmana (também conhecida como ADF na língua local) invadiram a cidade de Beni, no leste do país, no último sábado (21). Segundo fontes locais, eles atacaram os moradores usando facões e armamento pesado, causando pânico generalizado.

Um porta-voz do governo disse que o ataque, que durou até as 22h, deixou pelo menos 18 pessoas mortas. Contudo, testemunhas revelam que o número de mortos chega a 40. Algumas das vítimas foram golpeadas por facões, com requintes de crueldade.

Segundo um pastor local, pelo menos 27 vítimas são membros de igrejas locais. “Eles eram de diferentes denominações”, explica o líder evangélico que preferiu não se identificar por questões de segurança.

A ADF, que tem origem em Uganda e opera na região desde 1995, foi responsabilizada por centenas de mortes de civis nos últimos quatro anos. Eles tentam eliminar a presença cristã no nordeste do país, tendo realizado seguidos ataques, além de estupros, sequestros e assassinatos.

O ataque em grande escala no sábado surpreendeu pela intensidade e pela incapacidade do exército do país em detê-los. Um sobrevivente disse que os agressores estavam vestidos com uniformes militares da guerrilha. Isso gerou uma grande confusão entre os moradores, que pensavam se tratar de forças do governo vindo para protegê-los.

“Muitos seguiram suas ordens e esperaram em um local ao lado da via principal, onde foram massacrá-los perto das 8 da noite”, disse a testemunha. “Eles atiraram em todos que tentaram fugir.”

Os ataques têm motivação religiosa, embora o governo tente negar. Recentemente, um trabalhador de uma organização humanitária que abriga órfãos descreveu a situação como “traumática”.

“Esses rebeldes que se chamam de Defesa Internacional Muçulmana também atacaram nossa base em Ngadi três vezes em duas semanas. Houve bombardeio e disparos de armas automáticas. Precisamos evacuar o local, o que foi muito traumático para as crianças”, conta.

A maioria da população da República Democrática do Congo é cristã, mas nos últimos anos, o número de muçulmanos na região leste subiu de 1% para 10%.

Líderes locais vêm denunciando a incapacidade das tropas da ONU aquarteladas na região de prevenir ataques que mataram mais de 2.500 pessoas em três anos.

Com informações de World Watch Monitor

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