Os acadêmicos da Universidade de Bournemouth, Reino Unido, realizaram uma pesquisa em nome do Churches’ Child Protection Advisory Service (CCPAS). O levantamento indica que a maioria dos cristãos acredita ter sofrido algum tipo de “abuso espiritual”.

Os números finais do estudo indicam um número alto, com cerca de 2/3 dos entrevistados relatando terem sido expostos a esse abuso em sua comunidade cristã. Justin Humphreys, o diretor executivo da CCPAS, admite que “os resultados são significativos, pois [ter sofrido abusado espiritual] não era um pré-requisito para a participação”. Mesmo assim, ele não está totalmente surpreso.

As definições de abuso espiritual são bastante amplas. Por isso, os críticos dizem que a falta de clareza pode ser uma barreira significativa para aceitarem os resultados do estudo sem questionamentos.

Humphreys explica que eles definem o “abuso espiritual” como “uma experiência caracterizada por um padrão sistemático de controle e comportamento coercitivo em um contexto religioso”. Deixa claro que isso também pode ser visto como “uma forma de abuso emocional e/ou psicológico. No entanto, como acontece no ambiente religioso, a opção foi pelo uso do termo abuso espiritual”.

Entre os entrevistados, a compreensão é que esse tipo de abuso ou manipulação era caracterizado por toda forma de controle e pressão sobre os indivíduos, “através do uso indevido de textos religiosos, visando fornecer uma lógica ‘divina’ para justificar o comportamento”.

O diretor da CCPAS disse: “temos uma dívida com todos os que sofreram abusos espirituais, e devemos, como comunidade cristã, trabalhar de forma construtiva para criar um ambiente mais seguro para todos nas igrejas”.

Assunto é pouco falado nas igrejas

A CCPAS decidiu fazer a pesquisa on-line, que oferece maior privacidade, e teve a garantia da Universidade de Bournemouth, de que os dados seriam protegidos e aqueles que desejavam compartilhar suas experiências não teriam seus nomes divulgados.

A maioria dos entrevistados (69%) são fiéis de igrejas de tradição anglicana, batista ou sem denominação; o segundo maior grupo era de pentecostais, com um percentual menor de católicos romanos.

Mais da metade das pessoas ouvidas acredita que são necessárias políticas mais claras em Igrejas e organizações cristãs para a prevenção desses abusos. Um trecho do estudo afirma que os líderes deveriam “ser responsabilizados pelo abuso espiritual sobre aqueles que estão liderando”.

A doutora Lisa Oakley, uma das coordenadoras do estudo, afirma que “estas são questões complexas” e que qualquer trabalho nessa área “mostra como esse comportamento abusivo é praticado por líderes de congregações??”, sem que as consequências sejam devidamente avaliadas.

Dois terços dos entrevistados disseram que sabiam como denunciar a prática e/ou como procurar ajuda, mas apenas um quarto dos entrevistados disse ter ouviu alguém falar sobre o assunto na igreja, de maneira aberta, em algum momento.

O estudo conclui que são necessárias políticas mais claras para as igrejas impedirem a prática e que algum tipo de treinamento deveria ser dado aos líderes da igreja sobre o assunto. Com informações Premier Christian Radio

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