As regiões Sudeste e Sul possuem o maior número de municípios integrados do país – áreas em que a população se desloca de uma cidade a outra por motivo de trabalho e estudo. A conclusão foi divulgada nesta quarta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e também aponta que São Paulo lidera a quantidade de fluxos urbanos e de população em deslocamento constante.

selo ibge (Foto: Editoria de Arte/G1)

O IBGE mapeou os grandes agrupamentos de dois ou mais municípios com forte integração populacional, que ocorre em razão de migrações por causa do emprego ou educação. São os chamados arranjos populacionais.

Segundo o levantamento, baseado no Censo Demográfico 2010, em todo o país 7,4 milhões de pessoas se deslocavam entre os municípios dos arranjos populacionais para estudar ou trabalhar. É a primeira vez que o instituto faz um cruzamento de dados do tipo.

Em 2010, mais da metade da população (55,9%) morava nos municípios que estão dentro desses arranjos populacionais. São 106,8 milhões de pessoas em 294 arranjos, formado por 938 municípios.

O IBGE diz que o objetivo do estudo é fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas e estimular a parceria entre os municípios envolvidos. “A importância do estudo está em definir o quadro sintético da urbanização brasileira e as novas formas urbanas que surgiram no país”, diz Monica O’Neil, pesquisadora da coordenação de geografia da Diretoria de Geociências do IBGE. “A gente percebeu, por exemplo, o papel estratégico de determinados centros.”

Municípios integrados, por região População nos arranjos
Sudeste 112 72%
Sul 85 61,1%
Nordeste 56 40,1%
Centro-Oeste 24 51,3%
Norte 17 23,5%
Fonte: IBGE

Sudeste e o Sul possuíam, respectivamente, 112 e 85 arranjos populacionais. No Nordeste, havia 56, seguido da região Centro-Oeste, com 24, e Norte, com 17.

No Sudeste, os arranjos acompanham os grandes centros urbanos e eixos econômicos articulados por rodovias, como a Presidente Dutra. No Sul, os maiores estão associados às metrópoles de Porto Alegre e Curitiba.

No Nordeste, a maioria está em regiões litorâneas, enquanto nas regiões Norte e Centro-Oeste, os arranjos estão ligados principalmente aos grandes núcleos urbanos como Belém, Goiânia e Brasília.

Ainda segundo o IBGE, a maioria dos arranjos tem até 100 mil habitantes (63,6% têm essa característica), e 75,9% deles são formados por apenas dois municípios.

Concentrações urbanas
O IBGE também agrupou esses arranjos segundo o tamanho de sua população. Assim, o Brasil possui 26 grandes concentrações urbanas, ou seja, grupos que incluem os arranjos populacionais com mais de 750 mil habitantes somados a municípios isolados, que não formam arranjos, mas de mesma faixa populacional.

A população nessas 26 grandes concentrações urbanas soma pouco mais de 79 milhões de pessoas ou 41,4% da população brasileira.

arte ibge vale (Foto: Editoria de Arte/G1)

Para comparar áreas urbanas de portes semelhantes, o estudo dividiu esse grupo em três faixas distintas: acima de 750 mil a 1 milhão de habitantes; acima de 1 milhão a 2,5 milhões de habitantes; e maiores que 2,5 milhões de habitantes.

Nesse contexto, São Paulo concentrava 36 municípios, o maior número em todo o país, que concentra 19,6 milhões de habitantes. Em seguida, aparecem Porto Alegre (26) e Belo Horizonte (23). Todas as concentrações são capitais, com exceção de Sorocaba (SP).

“Significativamente nós temos São Paulo, com magnitude diferenciada dentro desse processo” analisou Monica O’Neil, do IBGE.

De acordo com ela, São Paulo e as outras 11 grandes concentrações urbanas formada pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Porto Alegre, Salvador, Brasília, Fortaleza, Curitiba, Goiânia, Belém e Manaus, se destacam porque “exercem funções com comércio, serviços de um patamar acima, de uma complexidade maior em termos de ocorrência destas relações”.

Trabalho e estudo
Em São Paulo, mais de um milhão de pessoas se deslocam diariamente para trabalho ou estudo entre os municípios. As maiores ligações ocorrem entre Guarulhos e São Paulo (146,3 mil) e entre Osasco e São Paulo (112,4 mil).

“72% do PIB desse conjunto [de arranjo populacional de São Paulo/SP] está localizado na concentração de São Paulo [capital] e número de empresas, 75%”, afirmou Monica O’Neill. “São Paulo a gente percebe que uma dinâmica muito maior [de deslocamento] ocorre para São Paulo e outros arranjos desse corte da Grande São Paulo”, completou a especialista, em comparação com o Rio de Janeiro.

Para o IBGE, São Paulo tem um deslocamento tão intenso que pode ser chamada de “cidade-região”, englobando 89 municípios e 11 arranjos populacionais, somando 27,4 milhões de habitantes.

Mapa mostra deslocamentos para trabalho e estudo na concentração urbana de São Paulo (Foto: Reprodução/IBGE)Mapa mostra deslocamentos para trabalho e estudo na concentração urbana de São Paulo (Foto: Reprodução/IBGE)

No Rio de Janeiro, esse tipo de deslocamento ocorre com mais frequência entre Niterói e São Gonçalo (120,3 mil), Duque de Caxias e Rio de Janeiro (119,0 mil) e entre Nova Iguaçu e Rio de Janeiro (109,6 mil).

O IBGE também destacou os deslocamentos na ligação entre a capital mineira e Contagem, com 119,6 mil, e a do Recife com Jaboatão dos Guararapes, com 118,2 mil.

Fronteiras
Foram identificados ainda 27 arranjos na fronteira internacional brasileira, somando aproximadamente 2,1 milhões de habitantes, 44,2% deles vivendo em países vizinhos. Destes, 16 se localizavam na região Sul. A maior população vive em Foz do Iguaçu e Ciudad del Este (Paraguai).

Arranjos especiais
O estudo traz ainda exemplos de ligações entre cidades distantes, como é o caso do eixo Rio-São Paulo, que movimentou 13,4 mil pessoas para trabalho e estudo em 2010. Destes, 57,7% são realizados somente por motivos de trabalho e 40,5% só devido ao estudo.

Também são exemplos os deslocamentos entre Macaé e Rio das Ostras com o Rio de Janeiro, alcançando 12,8 mil pessoas, entre as quais 81,9% destinam-se somente a trabalho, e a ligação entre Goiânia e Brasília, com 8,8 mil pessoas se deslocando entre essas capitais.

*Colaborou Cristiane Cardoso, do G1 Rio 

Fonte: G1

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