Tribuna/Roberta cerqueira

 

Em apenas seis dias, mais de 14 mil pessoas limparam o nome em um evento que acontece no Centro de Convenções da Bahia. Promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL-Salvador), o “Feirão do Nome Limpo” já atraiu mais de 20 mil endividados em busca de virar o ano com as contas em dia.  Um
levantamento recente apontou que em menos de dois meses, quase dois milhões de brasileiros começaram a pagar dívidas em atraso, o que representa um aumento de 80% em relação ao mesmo período do ano passado.
O gerente de negócios da CDL-Salvador, Carlos Machado explica que cerca de 70% das pessoas que visitam o Feirão conseguem limpar o nome de imediato.
“Outras preferem parcelar a dívida e prorrogar o primeiro pagamento para 1º de dezembro”, diz, ressaltando que o nome é retirado do cadastro de devedores, no momento em que é pago a primeira parcela do acordo.

Com o
pagamento do 13º salário, que deve acontecer até o dia 30 de novembro, o índice
de negociação deve superar os 80%, segundo Machado. “As pessoas
estão esperando o dinheiro entrar para virem negociar suas dívidas”, arrisca.

De acordo com levantamento de uma empresa de análise de crédito, em apenas 45 dias, 1,8 milhões
de pessoas em todo o país já renegociaram o pagamento de contas atrasadas e
limparam os nomes.
Os inadimplentes foram separados em grupos: pelo
valor e pelo tempo da dívida, se ele está devendo para outras lojas e se já
ficou inadimplente outras vezes. Com essas informações, as empresas chamam os
clientes e renegociam o pagamento da dívida. O consumidor que estava na lista de
maus pagadores volta a ter crédito na praça às vésperas do Natal. Os operadores
dessa empresa de cobrança foram orientados a tentar várias alternativas para
conseguir acordos com os devedores.

Em Salvador, o Feirão da CDL tem tido
uma grande procura. “Atendemos, em média, 4 mil pessoas por dia e até o final do
evento, devemos ultrapassar 40 mil pessoas atendidas”, ressalta
Machado.

A técnica de segurança do trabalho, Ana Maria Santos, 28
anos, trocou o domingo na praia pelo balcão de atendimento do Feirão e após dois
anos vai realizar o seu maior sonho, cursar uma faculdade. Aprovada no vestibular de uma
instituição particular, ela estava prestes a conseguir um crédito educativo,
quando foi surpreendida por uma dívida antiga. “Disseram que não podia ter
acesso ao financiamento porque eu tinha o nome sujo”, conta ela que já faz
planos para a nova fase. “Terei mais cuidado desta vez e não vou me encher de
dívidas que não possa pagar”, diz.

A dívida que já chegava em R$
1,8 mil com o cartão de crédito, “morreu” em R$ 340. O valor ainda foi parcelado
em duas vezes, com o primeiro pagamento para 5 de dezembro.

Já a
cozinheira Julieta Maria da Cruz, 55, ficou inadimplente por conta de uma
vizinha. “Comprei umas coisas para ela no meu cartão de crédito, confiando que
ela me pagaria e ela não pagou e ainda sumiu do mapa sem deixar endereço”, conta
ela que contraiu uma dívida de R$ 1,6 mil. “Consegui fazer um acordo e vou pagar
em nove vezes, pois não tenho dinheiro para pagar a vista”. Mesmo com o
parcelamento longo, ela conseguiu um desconto de R$ 300.

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