R7 | CHRISTINA LEMOS

O ministro exposto a suspeitas de corrupção  declara uma resistência superior à autoridade presidencial.

No quarto dia da crise no ministério do Trabalho, enquanto o Planalto mantém o silêncio e a cautela, o ministro Lupi e o PDT adotaram um tom completamente fora do script esperado pelo governo. Ambos desafiam, sem razão objetiva e sem cerimônia, a autoridade da presidente Dilma.

O PDT ameaça deixar o governo se Lupi for demitido do ministério do Trabalho – hipótese até aqui sequer aventada pela presidente. O ministro por sua vez, repete seu ex-colega Orlando Silva – que declarou se sentir “indestrutível” – e afirma que só cai “abatido à bala”. Quem decide a manutenção no cargo de qualquer de seus auxiliares é a presidente da República.

Por bem menos Dilma tirou do ministério da Defesa Nelson Jobim, que reincidiu em erros de protocolo. A autoridade presidencial havia sido arranhada. Desta vez, um partido aliado impõe publicamente condições irredutíveis para permanecer na coalizão, e elas nada têm a ver com o programa de governo ou com seu ideário político. Além disso, o ministro exposto a suspeitas de corrupção  declara uma resistência superior à autoridade presidencial.

Apesar disso, o pragmatismo de Dilma certamente falará mais alto, outra vez. A presidente não quer marola na base aliada às vésperas da votação da DRU – o dispositivo que permite ao governo gastar como quiser as verbas vinculadas pela Constituição. Prioridade absoluta para o Planalto, a DRU pode ser prorrogada por quatro anos, o que ampliará a margem de manobra de Dilma para decidir sobre gastos e investimentos. Os votos do PDT serão importantes. As circunstâncias, por enquanto, dão fôlego a Lupi. Mas sua situação no governo daqui para frente estará longe de ser confortável.

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