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A ONG que recebeu R$ 3,3 milhões do Ministério do Trabalho num convênio suspeito de
irregularidades
, conforme o iG revelou na semana passada, é dirigida por pessoas ligados ao PDT – partido que comanda a pasta há quatro anos.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), três das seis pessoas identificadas como dirigentes da Confederação Nacional dos Evangélicos (Conae) têm ou já tiveram algum vínculo com a sigla trabalhista.

O atual presidente da ONG, Hélio César de Araújo Júnior, filiou-se ao PDT de Goiás em 29 de setembro último. A situação de Araújo, no entanto, encontra-se sub-júdice porque ele também aparece filiado ao PTB goiano.

O diretor de Educação da Conae, Argemiro Batista, é filiado ao diretório
municipal do PDT de Santo Antônio do Descoberto (GO) desde 2008. Outro
integrante da direção da Conae, pastor Elzimar da Silva Santos, tesoureiro da
ONG, filiou-se ao partido em outubro de 2007, dois meses antes da assinatura do
convênio com o Ministério do Trabalho.

Ele seguiu filiado ao PDT durante toda a execução do convênio de R$ 3,3
milhões, destinado à qualificação profissional de jovens para o mercado de
trabalho. Um ano depois do final da vigência do convênio, em 2009, ele deixou a
sigla.

Apesar da proximidade da Conae com o PDT, o presidente da entidade, Hélio
César, negou qualquer tipo de influência do partido na liberação dos recursos.
“Ninguém ajuda. Você apresenta projeto e concorre com todo mundo, é processo de
concorrência, não há ajuda, não pode ajudar, não é legal nem legítimo”,
disse.

Ele também disse que não é próximo ao então secretário de Políticas Públicas
de Emprego e ex-presidente do PDT de Brasília, Ezequiel Nascimento, responsável
por conceder um aditivo ao convênio da ONG com o ministério.

“Minha relação com ele (Ezequiel) é de alguém que era do ministério na época
(do convênio) e alguém que a gente participou de alguns seminários. Ele passou
como era a execução do projeto e visitou a entidade para acompanhar a execução”,
disse.

A reportagem conversou com Ezequiel na última quinta-feira. Ele
também negou qualquer tipo de irregularidade e disse que só encontrou os
evangélicos da Conae durante reuniões das campanhas de Agnelo Queiroz – atual
governador do Distrito Federal – e do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

“Aqui em Brasília, durante a campanha do Agnelo, eu participei de eventos em
que eles (os diretores da Conae) também estavam. Na campanha, do
senador Cristovam, do Agnelo”, disse.

A assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho enviou um e-mail ao
iG informando que o ministro Carlos Lupi não conhece os
diretores da Conae e que a decisão de dar um aditivo ao convênio não passou por
seu gabinete. “Ele (ministro) não determina este tipo de coisa”.

Por fim, ressaltou que foram encontradas possíveis irregularidades na
prestação de contas do convênio com a Conae, e que uma tomada de contas especial
foi determinada pela pasta. A entidade enviou documentos para fazer sua defesa
junto ao ministério, que ainda não deu um parecer final sobre a prestação mas já
marcou a entidade como “inadimplente” no Sistema Integrado de Administração
Financeira (Siafi).

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