Cumprindo as expectativas, o diretor afastado do Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, abriu seu depoimento no Senado com uma fala técnica, voltada principalmente a explicar o funcionamento do órgão. Dizendo ‘refutar’ as acusações sobre seu envolvimento num suposto esquema de corrupção no Ministério dos Transportes, Pagot negou inclusive que tenha sido demitido do cargo.

Pagot afastado junto com outros membros da cúpula do setor, assim que a presidenta Dilma Rousseff tomou conhecimento das denúncias que derrubaram o ex-ministro Alfredo Nascimento. Segundo ele, suas férias já estavam previstas antes da reportagem da revista Veja revelar o suposto esquema no órgão. Pagot insistiu que Dilma determinou seu afastamento, mas houve uma coincidência com as suas férias, de 4 a 21 de julho. “Minha situação, portanto, é de férias”, disse.

Pagot abriu o depoimento com uma fala técnica. Explicou, em detalhes, como é funcionamento do órgão. No entanto, também fez questão de se defender logo no início: “Quero refutar as acusações e fiz questão de vir ao Senado e à Câmara prestar esclarecimento”.

Pagot aceitou falar a duas comissões do Senado na manhã desta terça-feira. Depois de o diretor do Dnit insinuar que poderia distribuir ataques no Congresso, porém, nem o governo nem a base aliada esperam um depoimento bombástico, com revelações que possam causar uma nova crise. A decisão de Dilma de efetivar ontem o ex-secretário-executivo Paulo Passos no comando do Ministério dos Transportes ajudou a esvaziar o depoimento de hoje.

Num primeiro momento, Pagot falou principalmente sobre o funcionamento do órgão. Ressaltou que as obras e licitações são alvo de órgãos de controle. Por ano, segundo ele, são 20 auditorias internas, 40 investigações da Controladoria Geral da União e 400 processos pelo Tribunal de Contas da União

Antes do fim da fala inicial de Pagot, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), cobrou explicações sobre as denúncias. O líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), pediu que fosse respeitado o tempo de exposição do ex-diretor-geral. Após 25 minutos de exposição de Pagot, a presidenta da Comissão de Infra Estrutura, Lucia Vânia (PSDB-GO), autorizou perguntas diretas ao ex-diretor. O primeiro a falar é o senador tucano Aloysio Nunes (PSDB-SP). Ele quis saber a respeito da atual situação de Pagot, que teria pedido férias mas citado como demitido.

 

Crise

Pagot deixou o Dnit junto com parte da cúpula do Ministério dos Transportes após denúncia de corrupção dentro da pasta. Na quarta-feira, o então ministro Alfredo Nascimento também acabou demitido diante de novas acusações. Cotado para substituí-lo, o senador Blairo Maggi (PR-MT) saiu em defesa de Pagot. Os dois são aliados no Mato Grosso.

Ao longo da semana passada, surgiram declarações na imprensa de que Pagot comprometeria o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que no governo Lula comandou o Planejamento. Em conversa com interlocutores ontem, Pagot afirmou que hoje irá se restringir a questões técnicas do Dnit: “Vou tratar das coisas do Dnit. O resto é invencionice”, disse ele.

A expectativa por declarações bombásticas de Pagot ficou ainda mais reduzida na noite de ontem, quando a presidenta Dilma Rousseff ratificou Paulo Sergio Passos, ex-secretário-executivo dos Transportes e ministro interino, como titular da pasta. Passos é escolha de Dilma, mas também representará uma continuidade de domínio do PR na pasta.

Pagot deve se restringir a depoimentos sobre questões técnicas do cargo, citando que relações com o ministro dos Transportes e o então ministro do Planejamento, Bernardo, faziam parte da rotina de trabalho da autarquia. No caso do Planejamento, as discussões passavam pela liberação de recursos do Orçamento e contingenciamentos periódicos da pasta. Portal IG

 

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