A Tarde

A Comissão Pastoral do Meio Ambiente, associação ligada à Igreja Católica, entrou com um pedido de abertura de ação civil pública no Ministério Público Federal (MPF) exigindo a vistoria da carga de nove contêineres enviados para a unidade da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que fica em Caetité. Segundo a empresa  o material é concentrado de urânio. Já ambientalistas dizem que a carga contém lixo radioativo.

Em nota, a presidência da INB sustenta que as carretas estão transportando 90 toneladas de concentrado de urânio, de propriedade da Marinha brasileira e que esse material é o mesmo produzido na mina de Caetité.

 

O objetivo, segundo o presidente da INB, Alfredo Tranjan, é criar um novo reservatório e retomar a capacidade de produção máxima, pois, no ano passado, a unidade de mineração não conseguiu atingir as 400 toneladas da meta anual.

Interdição – O material, que deveria seguir para Maniaçu, distrito de Caetité,  onde funciona a unidade de mineração e beneficiamento de urânio da INB, foi impedido de seguir viagem por um grupo de, aproximadamente 3,5 mil pessoas, na noite do  último domingo.

Ao final do protesto, já no início da madrugada desta segunda-feira, 16, e sem acordo para o comboio seguir em frente, a carga foi encaminhada para a sede do 17º Batalhão de Polícia Militar (PM), localizado em  Guanambi que fica a 40 km de Caetité.

Até o fechamento da reportagem, os nove contêineres com o material continuavam no pátio do Batalhão da PM. A determinação, segundo fonte ligada a INB, é que as carretas permaneçam no local até que seja decidido o destino final da carga.

A direção da empresa, que é vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, confirma que elabora uma metodologia de diálogo para tentar convencer a comunidade e pôr fim ao impasse. Mas a intenção da INB encontra resistência entre segmentos da população local.

“Estamos em vigília e todos de prontidão para fazer outra barreira humana e impedir os caminhões de passar por aqui”, afirmou o padre Osvaldino Barbosa, que é membro da Comissão Paroquial do Meio Ambiente de Caetité.

“Todos aqui estão com medo e desinformados. A empresa deveria ser mais aberta, principalmente agora em que o mundo ainda lembra a tragédia atômica no Japão”, salienta a estudante Jamile Cardoso Dias, uma dos que participam da vigília.

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