Milhares de pessoas protestaram nesta segunda-feira em diferentes pontos do Egito por conta do atentado contra uma igreja em Alexandria ocorrido na noite do último dia 31 e que deixou 21 mortos, enquanto ativistas cristãos criticaram a falta de ação do governo.
Fontes da Polícia disseram à agência EFE que milhares de estudantes, cristãos e muçulmanos se concentraram nas universidades de Alexandria e Tanta, no norte do Egito, e nas de Ain Shams e Heluan, ambas no Cairo.
As manifestações ocorreram sem incidentes, ao contrário dos protestos do último domingo à noite na sede do patriarcado copta (cristão egípcio) na Catedral de Abbasiya do Cairo, nos quais 40 pessoas ficaram feridas, entre elas cinco policiais, em confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança, indicaram as fontes.
Os protestos foram organizados para condenar o atentado ocorrido pouco após a meia-noite contra a Igreja dos Santos, no bairro de Sidi Bish, em Alexandria, na qual estavam presentes mil pessoas que participavam da celebração do Ano Novo e que deixou ainda 79 feridos.

Até agora nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado, que tudo indica estar relacionado à Al-Qaeda, e também ainda não foi confirmada a causa da explosão, visto que o governo egípcio descartou o uso de um carro-bomba, o que era defendido por alguns analistas.

Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira antes da realização de um protesto no bairro de maioria cristã de Shubra, no Cairo, vários ativistas coptas acusaram o Executivo de não ter levado a sério as ameaças da Al Qaeda no Iraque no dia 1º de novembro.

Assim, o chefe da Organização da União Egípcia para os Direitos Humanos, o cristão Najib Gibrael, criticou o Ministério do Interior por não ter garantido a segurança dos fiéis na noite do dia 31.

A Al-Qaeda havia divulgado uma advertência depois que, em 31 de outubro, um grupo terrorista atacou uma igreja em Bagdá e deixou 58 mortos.

Gibrael pediu ao presidente egípcio, Hosni Mubarak, a apresentação imediata à Justiça dos causadores do “ambiente de inimizade” contra os cristãos do Egito e uma lei contra a violência sectária que garanta a liberdade religiosa.

Já o intelectual copta Kamal Zaher afirmou na mesma entrevista coletiva que “o atentado não foi motivado pela tensão sectária, mas representa um ato terrorista” e criticou as autoridades por terem apontado que a autoria dos ataques está relacionada a estrangeiros.

“Se (os responsáveis pelo ataque) são estrangeiros, eles não trouxeram fantasmas para pôr seus planos em prática. A realização (do atentado) foi totalmente egípcia e significa que estão dispostos a perpetrar atos violentos”, afirmou.

Após a entrevista coletiva, os ativistas participaram da manifestação em Shubra, à qual compareceram dezenas de pessoas, que levaram um caixão simbólico e cantaram palavras de ordem como “Em nossas festas, nos matam!” e “O que o governo quer? O que espera?”.

Uma das participantes do protesto, Wafa Sedki, de cerca de 40 anos, afirmou à agência EFE que agora tem medo de ir à igreja.

“Eu e meus filhos temos medo de ir à igreja. Eles me perguntaram se iríamos à igreja no Natal (no dia 7 de janeiro para os coptas) e eu disse que sim, mesmo que a gente morra lá”.

“Sempre fomos discriminados”, acrescentou Sedki, que vestia um traje negro, enquanto chorava.

Enquanto as investigações prosseguem, mais suspeitos continuam sendo presos após a detenção de 20 pessoas no fim de semana, revelaram fontes das forças segurança, que não detalharam o número total de detidos.
Portas Abertas

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