Wladimir D’Andrade, da Agência Estado

SÃO PAULO – Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta terça-feira, 14, mostra que as mulheres ainda sofrem com salários abaixo da média dos homens no País. A participação delas não supera os 50% da massa salarial total em nenhuma das seis regiões metropolitanas verificadas pela Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que serviu de base para o estudo do Ipea. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, há 95,9 homens para cada 100 mulheres no País.

A massa salarial das mulheres no Brasil atingiu R$ 12,7 bilhões em outubro último, ante R$ 11 bilhões em janeiro do ano passado. No mesmo período comparativo, a massa salarial dos homens somava R$ 21,2 bilhões (outubro de 2010) e R$ 19,1 bilhões (janeiro de 2009). A maior participação feminina na massa salarial é verificada nas regiões metropolitanas de Salvador e Porto Alegre. E ainda sim respondem por cerca de 40% do total. Belo Horizonte e Rio de Janeiro têm o resultado mais baixo neste quesito: 36,4%. Em São Paulo, a massa salarial das mulheres somou em outubro R$ 5,8 bilhões e a dos homens, R$ 9,3 bilhões. “Fica claro, então, que ainda existe uma concentração de renda para pessoas do sexo masculino”, afirma o documento do Ipea.

Os dados compilados pelo Ipea a partir do IBGE mantêm a região metropolitana de São Paulo como a de maior representatividade na massa salarial do País, com rendimento de R$ 15,2 bilhões em outubro (em janeiro de 2009 era de R$ 14,6 bilhões). Recife, em contrapartida, tem a menor massa salarial: R$ 1,7 bilhão em outubro passado (somava R$ 1,3 bilhão em janeiro de 2009). No conjunto das seis regiões metropolitanas, a massa salarial cresceu de R$ 30,2 bilhões no início do ano passado para R$ 34 bilhões em outubro de 2010.

Para todas as regiões pesquisadas – São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte – a população branca responde pela maior parte da massa salarial. Na capital gaúcha, ela representa pouco mais de 90%, enquanto na capital pernambucana há equilíbrio nas participações de brancos e pardos, ambos com 48% do total.

A participação da população de cor negra apresenta maior representatividade em Salvador – cerca de 14% da massa salarial – e menor em Recife – perto de 3%. De acordo com o Ipea, amarelos e indígenas possuem participação menor que 2% em todas as regiões presentes no estudo.

Setores

Com exceção da região metropolitana de São Paulo, as ocupações incluídas na categoria administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços social respondem pela maior parte da massa salarial. Entre setembro de 2009 e o mesmo mês de 2010, esse setor não apresentou variações significativas, a não ser na capital baiana, que registrou crescimento de mais de 5% entre março e setembro deste ano.

“Quanto ao Brasil, a tendência foi semelhante às das regiões metropolitanas”, com valores em torno de 25%. Na capital paulista, o setor que mais responde pela massa salarial é o de intermediação financeira e atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados a empresas, com 23% de participação.

Quanto ao setor de construção, a massa salarial não apresentou variação para o País, com valores em torno de 6%, estabilidade também verificada nas regiões pesquisadas, a não ser em Salvador. “Com relação a essa região metropolitana, é passível de ter ocorrido uma sazonalidade com queda na taxa de 2,4% em março de 2010. Entretanto, em setembro de 2010, a taxa retornou para valores próximos dos de setembro de 2009, variação de 0,6% (7% em 2009 e 7,6% em 2010)”, diz o documento.

Compartilhe