A Tarde

No mercado de motos, o financiamento avança, mas o consórcio ainda é a forma de compra favorita

Ela ainda nem sabe guiar uma motocicleta, mas já fechou negócio e comprou um modelo 125 cilindradas. Em visita nesta segunda-feira, 6, a uma concessionária de Salvador, a vendedora Vânia Alves, 37 anos, adquiriu sua primeira moto e vai pagar 36 prestações de R$ 286. Pesou na decisão a insatisfação com o dia-a-dia de ônibus lotados e viagens extenuantes. “Queria uma moto basicamente para fazer o trajeto de casa, na Boca do Rio, para o trabalho, no Centro”, ´justifica Vânia.

 

Assim como ela, são muitos os baianos que estão deixando o transporte público para incrementar a frota de motocicletas do Estado. Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), a frota da Bahia foi ampliada em seis vezes nos últimos dez anos, saltando de 112,8 mil unidades em 2000 para 705,8 mil até abril deste ano.

Com este incremento, a Bahia deixou de ter a décima frota de motos do País e a terceira do Nordeste para se tornar a sexta maior em nível nacional e a primeira entre os estados da região. E este mercado deverá avançar ainda mais: os dados referentes de janeiro a julho deste ano mostram a Bahia como o terceiro Estado que mais compra motos no Brasil, com 6,8% do mercado, atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo.

O avanço na economia e o aumento do poder aquisitivo das famílias são fatores que ajudaram a impulsionar as vendas. Mas, na avaliação dos especialistas, o crescimento do crédito para as classes C e D, além da insatisfação com o  sistema público de transporte são os principais motores do avanço do mercado de motocicletas na Bahia.

Financiamento – O aumento do crédito nos últimos seis anos se reflete em uma mudança significativa nas modalidades de compra preferidas do consumidor brasileiro. Segundo dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), o financiamento direto já representa 50% das vendas de motocicletas no País. Na sequência, vêm o consórcio, com 30% do mercado, seguido das compras à vista, com 19%.

Este cenário é justamente o oposto ao de seis anos atrás, quando o consórcio dominada as modalidades de venda, com 50% do mercado, e o financiamento mordia uma fatia de apenas 23%.

Segundo o supervisor  da concessionária Novotempo, Wendell Santana, o avanço do financiamento também tem sido registrado no mercado da Bahia. Mas o consórcio ainda tem sido a modalidade preferida dos baianos.

Exemplo disso é o carpinteiro Valdivino Oliveira, 53 anos. Ele foi nesta segunda à concessionária para trocar a moto antiga por uma nova. “Como já tenho a minha, optei pelo consórcio. Não tem porque ter pressa se posso pagar uma taxa menor”, explica.

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