Tribuna/Evandro Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca hoje em Salvador com uma verdadeira tropa de choque (formada por seis ministros) para participar do comício do governador Jaques Wagner, às 19h, na Praça Castro Alves.

Antes, o presidente se desloca de helicóptero para Feira de Santana, onde, às 16h30, inaugura o Hospital da Criança. Depois, Lula retorna para a capital, onde assina convênios no Palácio Rio Branco.

Em seguida, participa do ato político na Praça do Povo, ao lado da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, de Wagner e dos integrantes da chapa majoritária petista, Otto Alencar (vice) e Walter Pinheiro e Lídice da Mata (Senado).

A expectativa é que a participação do presidente no comício do governador amplie a crise aberta entre o PT e o PMDB baianos, que vivem disputando no horário eleitoral o prestígio que os seus candidatos ao governo – Wagner e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, respectivamente – têm com o presidente. Nos últimos dias, as cúpulas do PT e dos partidos aliados vêm alardeando a presença de Lula na capital.

Isso como forma de tentar capitalizar ao máximo a manifestação política. O presidente irá cumprir também uma agenda administrativa no estado. Primeiro ele vai a Feira de Santana para participar da inauguração do Hospital da Criança e só no final da tarde retorna para Salvador.

O detalhe é que nem em Feira foi reservado um espaço na agenda presidencial para estar com o também aliado Geddel. Esta será a primeira visita que Lula faz à Bahia, durante o seu segundo mandato, sem que seja recebido pelo ex-ministro peemedebista.

No evento de Feira o presidente irá acompanhado dos ministros Márcio Fortes (Cidades), José Gomes Temporão (Saúde), Paulo Sérgio Passos (Transportes), Orlando Silva (Esportes), Franklin Martins (Comunicações) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Contudo, mesmo estando em ato oficial do governo federal, tanto o presidente quanto os ministros devem participar do comício de Wagner, que será realizado bem próximo ao Palácio Rio Branco, local onde todos ficarão hospedados.

Geddel nega ter se queixado a Temer

Ontem, depois de cumprir mais um ato de campanha, o candidato Geddel Vieira Lima disse que encarava com naturalidade a vinda do presidente Lula para participar de um comício do concorrente Jaques Wagner. No entanto, ele admitiu ter ficado “surpreso” com a decisão. “Sou um político que não gosto de esconder as minhas posições. É claro que a vinda de Lula foi uma surpresa. Vou aguardar o comício e depois avaliar”, comentou.

Em seguida, Geddel elogiou o presidente, agradeceu a oportunidade dada a ele no Ministério da Integração Nacional e ponderou que Lula tinha o direito de fazer as suas escolhas. “Não tenho o que dizer do presidente Lula, que me deu a oportunidade de assumir um ministério do seu governo. Não muda nada na minha estratégia (de campanha).

O presidente já reconheceu com elogios a minha participação no ministério e isso ninguém tira de mim. Respeito o direito dele de ter as suas preferências”, frisou. Indagado se também faria um convite para Dilma e Lula participarem de algum ato de sua campanha, Geddel respondeu que ainda não havia pensado no assunto.

“Não pensei nisso ainda. No próximo mês vou convidar a ministra Dilma. Vou ver qual será a posição do presidente. Ele seria bem-vindo, mas já manifestou a sua preferência, que eu compreendo. A vida é como ela é”, filosofou.

Independentemente dessas colocações, a presença do presidente e da candidata petista no comício de Wagner incomoda o staff da campanha peemedebista. Não bastassem as declarações explícitas que Lula vem fazendo no horário eleitoral em favor do candidato do PT, agora é um gesto presencial, e em grande estilo. Segundo a Folha de S. Paulo, Geddel teria se queixado ao vice na chapa de Dilma, Michel Temer, sobre a presença de Lula nos estados com palanque duplo.

“Não me queixei de nada a ninguém. Foi conversado por outras lideranças do PMDB, mas não como queixa”, colocou. “Se tivesse que fazer queixa, faria publicamente e não subterraneamente”, reforçou.

Contrariado ou não, na agenda de Geddel hoje constam eventos durante todo o dia, mas em nenhum momento ele estará com Lula ou Dilma. A agenda começa às 10h, com uma caminhada em Salvador. Às 20h, no horário do comício, o peemedebista participa de uma carreata em Cruz das Almas, a cerca de 110 km da capital. (EM).

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