FOLHA DE S.PAULO

Serra agora gruda em Lula na TV, e PT recorre ao TSE

No horário nobre do programa eleitoral gratuito na TV, ontem à noite, a campanha de José Serra (PSDB) repetiu o que já fizera a sua adversária Dilma Rousseff: grudou o tucano no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Serra e Lula, dois homens de história. Dois líderes experientes”, disse o locutor logo na abertura da propaganda, enquanto eram mostradas três cenas dos dois juntos -numa, o tucano afaga o ombro do petista; noutra, eles cochicham.

Aproximar Serra de Lula de forma tão escancarada e logo no início da propaganda eleitoral contrariou a ala do PSDB que defende uma oposição mais contundente. O PT anunciou que entrará com representação no Tribunal Superior Eleitoral contra a coligação de Serra pela utilização de imagens de Lula.

O pedido terá como base o artigo 54 da Lei eleitoral (9.504), que permite a participação, nos programas de rádio e televisão gratuitos, de “qualquer cidadão não filiado a outra agremiação partidária ou a partido integrante de outra coligação”. Caso seja aceita, poderá acarretar perda de tempo na TV da coligação serrista.

Uso de imagem de Lula incomoda tucanos

O uso de imagens do presidente Lula na propaganda de José Serra incomodou parcela do PSDB e causou preocupação em outra fatia do partido. A exibição de fotos de Lula ao lado de Serra contrariou uma ala do partido. Entre eles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já vinha se queixando da comunicação da campanha. Embora tenha sido informado da estratégia, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), evitou comentar. “Prefiro não opinar agora. A ideia é dizer que o Lula vai e agora o melhor é Serra”.

Jefferson ataca marketing da campanha tucana

Presidente do PTB, um dos principais aliados de José Serra (PSDB), o ex-deputado federal Roberto Jefferson sacou ontem sua metralhadora verbal, mirando especialmente a equipe de marketing da campanha tucana, comandada por Luiz Gonzalez. “Aquele rapaz, o Gonzalez, olha para nós com um pavor de ter que parar para dar bom dia. Vê e já está querendo correr de nós. Deve ter algum problema de rejeição à classe política”, disse à Folha.

Jefferson chamou o programa de estreia de Serra na TV, centrado na saúde, de “hipocondríaco” e disse que a criação do “Zé”, numa tentativa de popularizar a imagem de José Serra, é “muito artificial”. “O Zé que eu conheço é o Zé Dirceu”, disse o ex-deputado, que afirma não conseguir apresentar suas críticas diretamente ao tucano, com quem diz ter se encontrado apenas duas vezes nos últimos dois anos.

Serra acusa PT de financiar “blogs sujos”; Dilma chama tucano de “patético”

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, acusou o governo Lula de “financiar blogs sujos para patrulhamento de jornalistas” e usar dinheiro público para custear conferências que propõem a restrição da liberdade de imprensa. Em resposta, a candidata do PT, Dilma Rousseff, chamou o tucano de “patético”, por, segundo ela, um dia criticar Lula e no dia seguinte tentar ligar seu nome ao dele para se beneficiar da popularidade do presidente.

Serra e Dilma participaram, em momentos distintos, do 8º Congresso Brasileiro de Jornais. O tucano falou por 30 minutos a partir das 13h, e a petista discursou três horas mais tarde por período de tempo semelhante. A plateia reunia cerca de 800 pessoas entre proprietários e profissionais de imprensa de todo o país.

Dilma critica Caixa por omitir dados

“A Caixa [Econômica Federal] não devia ficar com vergonha de dizer que entregou menos casas”, disse, em referência a reportagem da Folha que mostrou omissão de dados do programa “Minha Casa Minha Vida” desfavoráveis ao governo. Ela negou que o programa está emperrado.

Na campanha, Marina renega teses econômicas que defendia

A presidenciável Marina Silva defende, diante de banqueiros e empresários, teses opostas às que balizaram o pensamento econômico da senadora Marina Silva. Porta-voz do discurso mais liberal da campanha, a candidata do PV já subiu à tribuna em Brasília para atacar as privatizações, o Plano Real e o socorro a bancos endividados no governo Fernando Henrique Cardoso.

Agora, jura fidelidade à receita inaugurada pelos tucanos e exalta a estabilização da moeda como “grande conquista” do ex-presidente, de quem se diz admiradora. Ontem ela acionou a campainha que abre o pregão da Bolsa de Valores de São Paulo a lado do vice, o empresário Guilherme Leal.

Presidente do TRE-SE diz que não reagiu porque havia criança perto

Vítima de um atentado em Aracaju, o presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Sergipe, Luiz Antônio Araújo Mendonça, 60, afirmou ontem à Folha que, apesar de ter uma arma em punho, decidiu não revidar imediatamente os tiros que atingiram seu carro porque poderia ferir uma criança próxima ao local.

“Quem tem fé não quer levar a vida de uma criança para salvar sua própria”, disse. Mendonça passou um dia internado sob observação. O motorista Jailton Pereira, 41, ferido com os disparos anteontem, continuava em coma. O desembargador deu também uma entrevista coletiva e negou que o crime tenha motivações políticas.

STF ordena devolução de inquérito contra Maluf à Justiça de São Paulo
O ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa determinou a devolução à 1ª Vara Distrital de Paulínia, do inquérito contra o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e seus dois filhos, Flávio e Otávio. O pedido é do Ministério Público Federal, que argumenta que nenhum deles goza de foro privilegiado.

Juiz terá benefícios iguais aos de procurador

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decidiu conceder aos juízes federais as mesmas vantagens garantidas a integrantes do Ministério Público Federal, como auxílio-alimentação, licença prêmio e o direito de vender 20 dias de suas férias. O conselho afirmou, por 10 votos a 5, que as carreiras do Ministério Público e do Judiciário são equivalentes e, portanto, devem receber os mesmos benefícios. “Ainda que não existindo a lei própria, o regime jurídico não pode ser diferente”, disse o conselheiro Felipe Locke.

O caso analisado pelo CNJ foi um pedido da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil). O pacote aprovado também inclui o direito de tirar licença sem remuneração para tratar de assuntos particulares, além de bônus para o magistrado que atuar em local de difícil acesso.

Câmara entende reajuste a STF e PGR como ilegal

A Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara considerou inconstitucionais projetos de lei de reajuste salarial encaminhados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pela Procuradoria-Geral da República ao Congresso. As propostas, enviadas na semana passada, aumentam os salários dos ministros e do procurador-geral em 14,79% a partir de janeiro de 2011, passando dos atuais R$ 26.723 para R$ 30.675 mensais. Em nota técnica, os consultores da Câmara questionam o dispositivo que prevê a revisão automática dos subsídios dos magistrados a partir de 2012.

Assessor do PSDB fez pergunta a Serra em encontro on-line

Uma das 12 perguntas selecionadas para o debate presidencial Folha/UOL é de autoria de um assessor técnico do PSDB. Kléber Maciel Lage, de 41 anos, trabalha há 24 anos na Câmara dos Deputados, nove deles na assessoria de orçamento do PSDB. Economista, Lage afirma que é “um técnico” e que enviou a pergunta como “cidadão”. “A gravação foi no meu quarto, ninguém sabia.” A questão perguntava o que José Serra (PSDB) faria para acabar com o “toma-lá dá-cá” de cargos. O tucano respondeu que a administração federal é palco de “troca-troca desavergonhado”.

Debate presidencial Folha/UOL registra 1,7 milhão de acessos

A audiência do debate presidencial promovido pela Folha e pelo UOL na quarta-feira não para de crescer, já que o vídeo continua disponível na internet. Até as 15h30 de ontem, o vídeo do primeiro debate on-line entre presidenciáveis do Brasil foi visto 1.748.621 vezes. O número é cerca de 23% maior do que o relativo apenas à transmissão ao vivo.

A repercussão do debate também aumentou no exterior. Ao longo da quarta-feira, a Folha.com registrou acessos de 170 países diferentes -eram 127 até a tarde do dia 18. Depois do Brasil, os países que mais deram audiência ao debate Folha/UOL foram EUA, Portugal, Japão, Alemanha e Reino Unido.

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