Pedro Peduzzi/Agência Brasil

Brasília – Mais de 7,1 milhões de crianças foram vacinadas até as 17h30 de ontem (14) contra poliomielite. Os números do Ministério da Saúde são preliminares e deverão ser alterados à medida que estados e municípios atualizem o banco de dados do ministério. O balanço final só deverá ser anunciado em duas semanas. Crianças até 5 anos que não tomaram as gotinhas devem procurar a unidade de saúde mais próxima da rede pública, onde a vacina ainda estará disponível.

De acordo com a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carmem Osterno, é comum alguns profissionais de saúde digitarem os dados somente após o término da vacinação, o que justificaria o número de vacinações estar ainda tão abaixo da meta do governo, que é de imunizar 14,6 milhões de crianças, o que corresponde a 95% dos menores de 5 anos.

Cerca de 115 mil postos de vacinação participaram da campanha. Ao todo, 24 milhões de doses de vacinas foram distribuídas. Somando aos números registrados na primeira fase da campanha – realizada no dia 12 de junho, quando 14 milhões de crianças foram imunizadas – foram distribuídas 48 milhões de doses.

Ao todo, foram investidos R$ 40,9 milhões nas duas fases da campanha. Destes, R$ 20,8 milhões foram gastos na compra de vacinas; e R$ 20,1 milhões em repasses para as secretarias estaduais e municipais de Saúde, parceiros do Ministério na realização da campanha.

Com a estratégia adotada pelo Brasil – que realiza campanhas nacionais anuais, divididas em duas etapas, com intervalo de dois meses entre as doses – foi possível eliminar o vírus da poliomielite no país e, desde 1989, não há registros da doença. Isso rendeu a certificação internacional, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de erradicação da doença em todo o território nacional.

A poliomielite ainda é uma doença comum em diversas partes do mundo. Com a imunização, previne-se contra os riscos de importação de casos. Dados da OMS indicam que 26 países ainda registram casos da doença. Destes, quatro possuem transmissão constante: Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão.

Outros 22 países têm registro de casos importados: Tajiquistão, Angola, Chade, Sudão, Uganda, Quênia, Benin, Togo, Burkina Faso, Níger, Mali, Libéria, Serra Leoa, Mauritânia, Senegal, República Centro Africana, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Nepal, Guiné, Camarões e Burundi.

O ministério ressalta que é importante que todas as crianças menores de cinco anos tomem as duas doses da vacina durante a campanha nacional, mesmo que já tenham sido vacinadas anteriormente. Apesar de não haver contraindicações, recomenda-se que as crianças com febre acima de 38 graus Celsius ou com alguma infecção sejam avaliadas por um médico antes de receberem as gotinhas.

A vacina também não é recomendada para crianças que tenham problemas de imunodepressão, como pacientes de câncer e aids ou de doenças que afetem o sistema de defesa do organismo.

A poliomielite é uma doença infectocontagiosa grave. Na maioria das vezes, a criança não morre quando é infectada, mas adquire sérias lesões que afetam o sistema nervoso, provocando paralisia, principalmente, nos membros inferiores. A doença é transmitida por um vírus e a contaminação se dá principalmente por via oral.

A vacina é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ela é administrada via oral, em gotas, e está disponível durante todo o ano nos postos de saúde para a imunização de rotina. Segundo o calendário básico de vacinação, os bebês devem receber a vacina aos dois, quatro e seis meses. Aos 15 meses, recebem o primeiro reforço.

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