Lorena Caliman, do A TARDE On Line

A apresentação dos resultados dos oito anos de administração de Naomar de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), entre 2002 e 2010, nesta sexta-feira, 30,  foi marcada pela perspectiva do crescimento e da gestão participativa, apoiada pelo Ministério da Educação (MEC). Aberta com a performance musical do professor da Escola de Música da Ufba, Mário Ulloa, a cerimônia, que durou cerca de duas horas, teve momentos de descontração e agradecimentos da plateia composta por autoridades, docentes, alunos e admiradores.

Naomar, professor titular de Epidemiologia do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba, iniciou seu relatório com o diagnóstico da universidade no início de seu primeiro mandato, em 2002. O diagnóstico preparado pela equipe do reitor trazia a percepção de que a Ufba, em 2002, passava por um momento de desvalorização social, com a necessidade de renovar pontos cruciais na universidade, como a Faculdade de Medicina, situada no Terreiro de Jesus, cujo patrimônio físico e cultural se encontrava em estado de deterioração. Uma coletânea de fotos mostrou não só a reforma física, mas todo o trabalho dos professores voluntários que formaram um mutirão para recuperar parte do acervo da Biblioteca de Saúde.

Outro ponto destacado na apresentação foi o crescimento do corpo de alunos da instituição. Em 2002, a graduação contava com 17.941 estudantes. Em 2010, o número passou para 28.477, apresentando um crescimento de 58,7%. Além disso, a Ufba deu início à interiorização, com a inauguração da instituição no interior do Estado, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), cujo atual reitor, Paulo Gabriel Soledade Nacif, também esteve presente no evento.

Programa Federal – O ministro da Educação, Fernando Haddad, também participou do evento e corroborou as melhorias ocorridas nos últimos anos, ressaltando os investimentos do Governo na área da educação, o que possibilitou a implementação de projetos de expansão e restruturação curricular, como os Bacharelados Interdisciplinares (B.I.s).

Segundo Naomar, os principais destaques de sua gestão foram as ações afirmativas – o número de estudantes de baixa renda na universidade cersceu de 11% para 34% – e a expansão da universidade apoiada pelo Programa de Reestrututação e Expansão das Universidades (Reuni). Para ele, o maior desafio para a próxima reitora, Dora Leal, será “criar rotinas que consolidem a expansão e a transformação” experimentadas nessa fase. Outro problema que ainda deve ser resolvido, segundo o reitor, é a questão da estrutura administrativa.

O ministro Haddad ressaltou que “a modernização acadêmica precisa ser acompanhada pela administrativa”. Para ele, “a questão central [das universidades brasileiras] é o processo de expansão, de 113 mil vagas para 260 mil vagas a partir de 2003”. Segundo o ministro, as universidades devem aproveitar todas as oportunidades que a legislação permite e fomenta, como a educação à distância, os bacharelados interdisciplinares e os programas de pesquisa.

Com as mudanças no perfil dos estudantes em decorrência das ações afirmativas, a percepção de que a Universidade Federal da Bahia era uma instituição de elite passa a dar lugar ao título da revalorização social, acredita Naomar. Ainda assim, problemas não podem deixar de ser percebidos, como o fato de ainda faltarem serviços essenciais a estudantes pobres, a exemplo das residências universitárias. Apesar de ter aumentado de 230 para 790 vagas, de 2002 a 2010, o número ainda é considerado baixo. Assim como o Restaurante Universitário, que hoje fornece 1.500 refeições diárias, número que ainda pode crescer.

PLanos para o futuro – Ao final da cerimônia, Haddad elogiou a atuação do reitor e lembrou que o professor do Instituto de Saúde Coletiva está saindo da reitoria, mas não da universidade.

Segundo informações da assessoria do reitor, os planos de Naomar são de voltar a dar aula, inclusive aproveitando a oportunidade de poder estar lotado em duas unidades: além do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC).

Há cerca de cinco anos no cargo, Haddad afirmou ter acompanhado a “melhor parte” da gestão do reitor Naomar de Almeida, e declarou admiração pelo professor, afirmando que o professor entraria não só “para a história da administração, mas como uma pessoa que se dispôs a discutir o papel da universidade”.

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