da Folha

A Polícia Civil investiga o depoimento de uma testemunha que disse ter recebido um telefonema do vigia Evandro Bezerra Silva, antes do desaparecimento da advogada Mércia Nakashima, 28. Nesta ligação, Silva disse que havia recebido uma proposta de R$ 5.000 para fazer uma “coisa errada”.

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O vigia foi visto conversando com o ex-namorado de Mércia –Mizael Bispo de Souza, 40, apontado como o principal suspeito do crime– no dia em que a vítima desapareceu. Ele também é investigado pela polícia e teve a prisão preventiva decretada no dia 25 de junho, depois de não aparecer para prestar depoimento no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

“Depois do crime, que o carro apareceu e o corpo de Mércia foi encontrado, a testemunha recebeu uma nova ligação do Evandro dizendo que estava com medo e não confiava nas pessoas que ele havia feito o serviço, o que deu a entender que ele teria aceito a proposta”, afirmou o advogado Alexandre de Sá Domingues, que representa a família de Mércia. A testemunha –que não teve a identidade revelada– é um amigo do vigia.

Ainda de acordo com Domingues, a testemunha citou que a proposta foi feita por um ex-candidato a vereador de Guarulhos (na Grande SP) conhecido como Bispo. O amigo orientou que Evandro não aceitasse a oferta, mas o vigia disse que precisava de dinheiro para ajudar sua filha. Na tentativa de ajudar o amigo, a testemunha fez um empréstimo a Evandro, de cerca de R$ 1.000.

O depoimento da nova testemunha ocorreu dois dias antes de ser decretada a prisão temporária do vigia, no dia 23 de junho.

Samir Haddad Junior, advogado de Mizael, contesta o depoimento. “Eles [a polícia] têm a gravação do teor dessa conversa? Eles têm a quebra do sigilo da testemunha? Pra mim é mais uma testemunha mentirosa que surge como se fosse uma bomba”.

O advogado de defesa Haddad Junior diz que não se preocupa com esse tipo de testemunha. “Você acha que alguém que faz um crime desse vai ficar falando, avisando os outros?”, diz. Ele ressalta que todos que estiverem mentindo serão processados por danos morais.

Caso

A advogada estava desaparecida desde 23 de maio, quando foi vista pela última vez quando deixava a casa da avó, em Guarulhos (Grande SP). O ex-namorado dela nega qualquer envolvimento no sumiço. O corpo foi encontrado por um pescador no dia 11 de junho em uma represa na cidade de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo), após ter ficado desaparecida por 17 dias.

O relatório das ligações dos três celulares de Mércia apontou que a última ligação recebida por ela no dia do seu desaparecimento foi de Mizael, às 14h30 do dia 23. Segundo o delegado, essa foi a chamada que os familiares de Mércia viram que ela recebeu e não atendeu.

O rastreamento do carro de Mizael apontou que ele passou pela região próxima a casa da avó de Mércia –onde ela foi vista pela última vez– na tarde de domingo (23). Em depoimento, o advogado afirmou que passou na casa de um amigo que mora por lá, mas ele não estava e que passou a tarde com uma garota de programa.

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