Evandro Matos/Tribuna da Bahia

 O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, afirmou ontem que na próxima semana o partido entregará à pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, suas propostas para o programa de governo. As sugestões do partido foram divulgadas na semana passada e Temer já havia sido indicado pela executiva para ser vice na chapa petista. Já na Bahia, reafirmando a aliança entre as duas legendas, o pré-candidato do PMDB ao governo baiano, Geddel Vieira Lima, confirmou a vinda de Dilma e Temer para a convenção estadual peemedebista, no próximo dia 18.

 A informação foi dada durante entrevista concedida ao programa Aratu Notícias, na TV Aratu. “Ela ligou para mim, agradeceu o convite e disse que estará aqui, acompanhada do candidato a vice-presidente Michel Temer”, disse o peemedebista. Dilma Rousseff deverá ser oficializada como candidata do PT no dia 12, um dia depois da convenção nacional do PMDB, que vai oficializar Temer como vice.

 Na entrevista, Geddel disse não ver qualquer dificuldade no fato de apoiar a candidata do PT à Presidência e, ao mesmo tempo, se colocar como adversário do governador Jaques Wagner (PT). “Nós vamos apoiar nacionalmente um projeto que tem dado certo para o Brasil e não poderíamos continuar apoiando, na Bahia, um projeto que não tem sido bom. Os indicadores das mais diversas áreas, segurança, saúde, atração de investimentos, arrecadação, estão aí a mostrar que nós estamos perdendo espaço para outros estados do Nordeste”, pontuou.

 O ex-ministro disse também que a chapa majoritária do partido para a eleição estadual será anunciada antes da convenção e que não haverá surpresas. Além do seu próprio nome e do senador César Borges, que disputará a reeleição, os outros dois nomes para preencher as vagas de vice e do Senado serão escolhidos entre as opções que vêm sendo especuladas na imprensa: o vice-governador Edmundo Pereira (PMDB), o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito (PTB), o presidente estadual do PSC, Eliel Santana, e as deputadas Virgínia Hagge e Marizete Pereira (PMDB). 

 Geddel aproveitou ainda para dar o tom do discurso que pretende levar para a campanha. “Vamos apresentar um projeto alternativo, que não seja o retorno ao passado e que já teve repetidas chances; que não seja a preservação desse presente que não tem aproveitado as grandes oportunidades que o Brasil tem tido para colocar a Bahia em um patamar diferente no seu desenvolvimento”, colocou. “O PMDB vai dar aos baianos a opção de dar chance à ousadia, à construção de uma nova história, a quem ainda não teve chance de mostrar o muito que pode fazer pela Bahia”, acrescentou o ex-ministro.

 Reforma na gestão da polícia é cogitada

O tema segurança pública também foi um dos destaques da entrevista do peemedebista. Ao analisar o crescimento da violência e da criminalidade no estado, Geddel apontou como uma das principais falhas na atual gestão “o fato das ações desenvolvidas pelo governo terem objetivos corporativistas” e a ausência de planejamento.  

 “O governo anuncia, neste último ano de gestão, o aluguel de viaturas e motocicletas. De nada adianta colocá-las na Paralela para impressionar as pessoas, se a falta de planejamento faz com que no 5º Batalhão, ali vizinho à Governadoria, tenhamos 50 e às vezes até mais viaturas paradas por falta de combustível”, argumentou.

 O pré-candidato também criticou o discurso do governador, que tem atribuído ao crack e ao cenário nacional o aumento da violência no Estado, “quando os indicadores apontam que o crescimento da criminalidade e da violência aumentou mais de cinco vezes que São Paulo e Rio de Janeiro, o índice de homicídios na capital cresceu em 80% e os assaltos a banco se espalham pelo interior”. 

 Na entrevista, Geddel garantiu ainda que, no Governo do PMDB, haverá uma ampla reforma na gestão da Polícia, apresentando como uma das propostas “a implantação de barreiras fiscal e policial em pontos estratégicos para impedir a circulação de grupos criminosos, inclusive de outros estados”.
 

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