RIO – Em mais um capítulo do desentendimento entre Brasil e Estados Unidos pós acordo com o Irã, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse nesta quinta-feira que a política externa americana tem ‘discordâncias muito sérias’ com a brasileira no que diz respeito ao programa nuclear iraniano. Em declarações no centro de investigações Brookings Institute, em Washington, Hillary disse que o acordo proposto por Brasil e Turquia serve somente para que o Irã ganhe tempo e mina a capacidade da comunidade internacional para apresentar uma frente unida contra o Irã.
– Certamente nós temos discordâncias muito sérias com a diplomacia brasileira em relação ao Irã – disse a secretária em Washington durante entrevista sobre a nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, segundo a BBC.
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Segundo Hillary, ações como a mediação liderada por Brasil e Turquia para tentar ajudar a encontrar uma solução diplomática para o programa nuclear iraniano tornaram o mundo mais perigoso
” Permitir que o Irã evite a unidade internacional no que diz respeito ao programa nuclear iraniano torna o mundo mais perigoso, não menos “
– Permitir que o Irã evite a unidade internacional no que diz respeito ao programa nuclear iraniano torna o mundo mais perigoso, não menos – disse a secretária de Estado americana.
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A secretária de Estado americana disse, porém, que essas divergências não afetam o bom relacionamento entre os dois países.
– Nossa discordância não enfraquece nosso comprometimento em encarar o Brasil como um amigo e um parceiro – disse a secretária. – Nós queremos com o Brasil uma relação que passe no teste do tempo.
A posição de Washington, não compartilhada pelo Brasil, é de que o Irã somente aceitará negociar depois que lhe forem impostas sanções pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
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Acordo nuclear com Irã não pode ser desperdiçado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, continuou a defender o acordo, ao lado do primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan. Ele disse que o acordo nuclear assinado com o Irã e mediado por Brasil e Turquia é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.
– Acreditamos que é a flexibilidade, não o dogmatismo que aproxima os povos. É esse espírito que nos guiou na negociação com o Irã… e constitui uma oportunidade que não pode ser desperdiçada – disse Lula em Brasília.
Lula afirmou ainda que é necessário que os países envolvidos nas negociações com o Irã pensem em diálogo e não em confronto e que se o Conselho de Segurança da ONU tivesse membros permanentes sem armas nucleares, o diálogo com Teerã seria “mais fácil”.
– É preciso que as pessoas digam claramente se querem construir possibilidade de paz ou se querem construir possibilidade de conflito – disse Lula. O Globo