Gigante da Colina reclama muito da arbitragem, mas está eliminado. Pelo quarto ano seguido, Estadual será decidido entre Botafogo e Rubro-Negro

Vagner Love comemora com os companheiros o primeiro gol do Flamengo em cima do rival Vasco

 Um filme que parece não cansar de se repetir. Pelo quarto ano seguido, Flamengo e Botafogo vão decidir quem ficará com o título carioca. Neste domingo, o Rubro-Negro manteve a longa escrita em cima do Vasco em jogos decisivos. Com dois gols de Vagner Love, o time da Gávea venceu por 2 a 1, no Maracanã, e garantiu a vaga na decisão da Taça Rio. Thiago Martinelli marcou para os cruzmaltinos. O clássico terminou com os gritos flamenguistas de “e o freguês voltou” e muitas reclamações dos vascaínos por causa da arbitragem de João Batista de Arruda, que não marcou um pênalti, cometido por Willians, nos minutos finais da partida.

 Primeiro, Flamengo e Botafogo se encontram no próximo domingo, às 16h (de Brasília), na final da Taça Rio, no Maracanã. Se o Alvinegro vencer, será o campeão carioca, já que conquistou também a Taça Guanabara. Se o Rubro-negro levar a melhor, os rivais vão para a decisão do título em dois jogos, nos dias 25 de abril e 2 de maio. O Flamengo foi campeão de sete dos últimos 11 campeonatos disputados (1999 / 2000 / 2001 / 2004 / 2007 / 2008 / 2009), e o Alvinegro levantou o troféu em 2006.de turnos do Campeonato Carioca, o Rubro-Negro levou a melhor. Além da vitória deste domingo, venceu por 1 a 0 em 2001 (gol de Beto); 2 a 0 em 2004 (gols de Felipe e Henrique); 1 a 1 (3 a 1 nos pênaltis) em 2007; e 2 a 1 em 2008 (Fábio Luciano e Ronaldo Angelim). O time da Gávea venceu também as últimas cinco decisões entre os dois clubes: os Estaduais de 1999, 2000, 2001 e 2004 e a Copa do Brasil em 2006, esta com duas vitórias.

Nas outras quatro oportunidades em que eliminou o arquirrival nas semifinais – em 2001, 2004, 2007 e 2008 – o Flamengo acabou conquistando o título carioca. Atual tricampeão, o Rubro-Negro luta pelo inédito tetracampeonato, fato que aconteceu no Rio de Janeiro pela última vez em 1935, quando o Botafogo conquistou os títulos de 1932/33/34/35.

 Antes da decisão, o Flamengo tem um importante desafio pela Taça Libertadores. Na próxima quarta-feira, às 21h50m (de Brasília), no estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago, no Chile, a equipe enfrenta o Universidad Católica. No mesmo dia e horário, o Vasco enfrentará o Corinthians-PR, no Durival de Brito, em Curitiba, no jogo de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

 Vagner Love e Thiago Martinelli fazem os gols do primeiro tempo

 O Vasco entrou em campo novamente com o terceiro uniforme, que homenageia os cavaleiros templários. E motivado com o 100% de rendimento do técnico Gaúcho, que assumiu o cargo após a demissão de Vagner Mancini e venceu Fluminense (3 a 0), ASA (3 a 1) e Duque de Caxias (4 a 3). Fora do estádio, a Polícia Militar prendeu oito torcedores dos dois clubes que se envolveram em uma briga.

 Bola rolando, a primeira polêmica aconteceu aos seis minutos. Léo Moura perdeu uma bola na linha de fundo para Márcio Careca, que cruzou. Elton subiu e cabeceou no canto direito de Bruno para fazer o gol. Mas o árbitro João Batista de Arruda marcou falta do atacante vascaíno em cima de Juan, anulando corretamente o lance. O time cruzmaltino não chegou a reclamar.

 Sem Adriano, que pediu para não jogar em função das dores na região lombar, o Flamengo surpreendia nos contra-ataques e aproveitava o espaço dado a Vagner Love. O atacante se posicionava com liberdade entre os dois zagueiros vascaínos. Na primeira chance, o artilheiro recebeu ótimo lançamento de Bruno Mezenga, dominou e chutou cruzado. A bola passou com muito perigo pelo gol de Fernando Prass.

 Mas na segunda chance ele não perdoou, e parecia até replay. Novo lançamento de Bruno Mezenga para Vagner Love. A defesa do Vasco parou, e Fernando Prass ficou na dúvida se saía ou não do gol. Mas quando resolveu ir na bola, já era tarde. O camisa 9 driblou o goleiro e chutou. A bola ainda desviou em Souza antes de entrar devagar no canto direito: Flamengo 1 a 0. Foi o 13º gol do artilheiro do Campeonato Carioca, que saiu comemorando fazendo um coração com as mãos e mostrando para os torcedores rubro-negros.

 Após o início eletrizante, o jogo caiu de qualidade após o gol do Flamengo. O Vasco tentava pressionar, mas apenas Philippe Coutinho tinha objetividade. E o garoto cruzmaltino era muito bem marcado por Willians – desta vez sem direito a beijinho – e Maldonado. O Gigante da Colina resolveu, então, seguir o exemplo do Botafogo e passou a jogar bolas altas para a área adversária. Deu certo, e em uma delas saiu o empate.

 Aos 31, Fágner cobrou escanteio e Thiago Martinelli subiu mais que os rubro-negros para cabecear e fazer o gol. A bola entrou no canto direito de Bruno, que não conseguiu alcançá-la. Tudo igual: 1 a 1. O zagueiro, que tem 1,81m e pode ser considerado baixo para a posição, está se especializando em fazer gols em clássicos. Ele já havia feito um em cima do Fluminense nesta Taça Rio.

 No recomeço da partida, com a torcida do Vasco ainda comemorando o gol, o Flamengo quase fez o segundo. Vagner Love recebeu livre na área e dividiu com Fernando Prass. Para sorte dos cruzmaltinos, não havia nenhum rubro-negro para aproveitar a sobra. O Artilheiro do Amor infernizava a vida do Vasco. Em outro lance, passou por três marcadores e caiu na área. O árbitro acertou ao deixar o lance continuar.

 Aos 40 minutos, Titi errou na saída de bola, Vagner Love recebeu na entrada da área, conseguiu driblar dois adversários ao mesmo tempo e deixou Léo Moura na cara de Fernando Prass. O lateral preferiu não chutar, mas sim tocar para o meio da área. Michael dominou e mandou por cima do gol, perdendo uma chance de ouro.

 Vagner Love garante a classificação do Fla, e árbitro prejudica o Vasco

 Os dois times voltaram para o segundo tempo sem alterações. Vagner Love deu o primeiro toque na bola e reiniciou a partida. Não demorou para Juan receber cartão amarelo após falta em cima de Fágner. Aos três minutos, o técnico Gaúcho mandou os reservas vascaínos irem para o aquecimento. Carlos Alberto puxava a fila. Enquanto isso, do outro lado, Petkovic seguia sentado no banco de reservas.

 O Flamengo retornou para a etapa final pressionando. E a defesa cruzmaltina, nervosa, fazia muitas faltas perto da área. Em uma delas, Juan cruzou, e Ronaldo Angelim cabeceou após a saída em falso do camisa 1 vascaíno. A bola saiu por cima do travessão. Depois, Bruno Mezenga arriscou de fora da área, mas a bola não teve a direção do gol. O jogo estava aberto. Era lá e cá. Mas o Rubro-Negro conseguia chegar com mais perigo. E quando Márcio Careca se enrolou com a bola no ataque, Léo Moura saiu rápido no contra-ataque e chutou cruzado. Fernando Prass se esticou todo para espalmar para escanteio.

 Aos 13 minutos, parte da torcida do Flamengo começou a gritar o nome de Petkovic. Mas foi a do Vasco quem comemorou quando Gaúcho chamou Carlos Alberto para entrar na partida. Dodô foi o escolhido para sair. O time da Colina pareceu ganhar mais confiança. Márcio Careca deu um ótimo passe para Philippe Coutinho, que mesmo com pouco ângulo tocou na saída de Bruno. A bola bateu na trave, para desespero do presidente Roberto Dinamite, que colocou as duas mãos na cabeça, parecendo não acreditar.

 Se o ídolo vascaíno entrou aos 16 minutos, Petkovic foi para o jogo aos 22. Michael saiu. Logo depois, Elton recebeu livre na cara de Bruno, mas o árbitro marcou impedimento não existente e prejudicou o Vasco. Aos 26, Léo Moura avançou pela direita, Márcio Careca meteu as mãos em suas costas, e o lateral-direito caiu na área (assista ao lance no vídeo ao lado). Os vascaínos reclamaram, mas a penalidade estava marcada. A torcida pedia Pet, mas foi Vagner Love quem pegou a bola para cobrar muito bem, deslocando Fernando Prass. Flamengo 2 a 1, e a torcida rubro-negra cantava que a festa ia começar.

 Com Carlos Alberto visivelmente sem ritmo de jogo, o Vasco tinha dificuldades para chegar ao gol do Flamengo. Mas tentava o abafa na raça. Aos 34 minutos, Juan foi expulso após falta em Fágner. O técnico Gaúcho resolveu tirar Philippe Coutinho, um dos melhores em campo, para a entrada de Magno. Dinamite balançou a cabeça de um lado para o outro, parecendo não concordar com a mudança.

 Aos 42 minutos, outro lance polêmico. O árbitro João Batista de Arruda não marcou um pênalti a favor do Vasco. Após escanteio, Willians cortou a bola com o braço antes de o zagueiro Thiago Martinelli ter a chance de cabecear. O juiz, em cima do lance, ignorou a penalidade. Os vascaínos reclamaram bastante, sem adiantar, e o próprio volante rubro-negro admitiu, após o clássico, que a bola bateu em seu braço, desviando a sua trajetória.

– O juiz não tem o mesmo critério para os dois lados. É complicado isso – reclamou Dinamite.

Aos 45 minutos, Thiago Martinelli foi expulso ao segurar a camisa de Vagner Love. O Vasco estava entregue. E o jogo terminou com os rubro-negros cantando na arquibancada “e o freguês voltou”. O Flamengo segue com a escrita em cima do Vasco nos jogos decisivos. Algo que, talvez, nem Freud explique.

Compartilhe