Dois renomados intelectuais britânicos expressaram sua intenção de processar o papa Bento 16 pelo seu papel nos casos de abusos sexuais envolvendo padres da Igreja Católica em diversas partes do mundo. Os escritores Richard Dawkins e Christopher Hitchens são defensores conhecidos do ateísmo e críticos ferrenhos da religião Os pensadores alegam que o pontífice “não é imune à prisão no Reino Unido” porque, apesar de ser o chefe do Vaticano, não é um chefe de Estado reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Acredito que a Justiça britânica rejeitará (o argumento de imunidade do papa)”, disse o advogado especializado em direitos humanos que representará os escritores, Mark Stephens. “Se o papa viesse em visita de Estado, normalmente um chefe de Estado teria imunidade soberana. O que defendo é que ele não é um soberano, não é chefe de Estado, por isso não pode se valer dessa defesa.” Dawkins e Hitchens e seu advogado crêem que podem acusar o papa de crime contra a humanidade. Escândalos Bento 16 tem sido alvo de críticas diante das inúmeras denúncias de abusos de menores que surgiram, porque ele chefiava o braço da Santa Sé responsável pela disciplina. Em muitos casos o papa, então cardeal Joseph Ratzinger, é acusado de omissão. Mas no fim da semana passada veio a público uma carta de 1985 em que ele resiste à ideia de destituir das funções sacerdotais o padre americano Stephen Kiesle, acusado de abuso sexual. O então cardeal Ratzinger afirmou na carta que o “bem da Igreja universal” precisava ser levado em conta em um ato como a destituição das funções sacerdotais. O Vaticano confirmou a assinatura do cardeal no documento, revelado pela agência de notícias Associated Press. Em resposta à divulgação da carta, o porta-voz do Vaticano disse que o documento foi apresentado “fora do contexto”. BBC Brasil |