Geograficamente, o Chile não está tão longe do Brasil; cerca de 2.930 quilômetros separam as duas nações. Porém, nenhum país se enquadra tanto no tema da Campanha 2010 de Missões Mundias quanto ele, cujo o nome original, Chilli, significa “Confim da Terra”, no idioma dos mapuches, o maior grupo indígena chileno já evangelizado e com uma bíblia em linguagem própria. Apesar da colonização europeia, a presença indígena é marcante no país. Muitos desses povos são tidos como nãoalcançados. Um exemplo são os 50 mil aymaras que habitam as regiões andinas do norte do Chile, em Tarapacá e Antofagasta. Esse grupo indígena, o segundo maior do país, é um dos povos que, neste ano, recebe a atenção especial de Missões Mundiais. Atualmente a obra missionária naquela localidade concentra esforços para, entre outras ações, a construção do primeiro templo aimará na cidade de Pozo Almonte.

Muitas são as barreiras a serem ultrapassadas. Uma delas é o resgate das tradições andinas promovida por alguns grupos aymaras, cuja cosmovisão fala sobre a conceitualização holística da vida do homem andino em seu entorno. Os líderes aymaras costumam fechar sua cultura ao cristianismo. Eles idolatram a natureza, adorando mais a criação do que ao Criador, e dedicam rituais a elementos naturais como a água, a terra e o ar, os quais julgam ter espíritos. A Wiphala é um dos símbolos andinos mais conhecidos. Ele é usado como bandeira, onde se mostra o significado da unidade dentro da diversidade representada pelas sete cores do arco-íris. A Chakana é outro símbolo, dentro da cosmovisão aymara, que representa a religiosidade da Constelação Cruz do Sul, formada por quatro estrelas-guias que têm servido de bússola desde os tempos antigos. A Ayni é a expressão máxima da sociedade aymara em sua cosmovisão e expressa uma ideia comunitária de vivência. Segundo o Ayni, para ser digno de receber, primeiro é preciso dar.

Aos olhos do homem a missão de evangelizar esse povo parece quase impossível. No entanto, a vitória é certa quando se está de acordo com a vontade de Deus, mesmo que ela esteja voltada para o lugar mais seco do planeta, como é o caso do Deserto do Atacama. Com mais de 200 quilômetros de extensão, está localizado em San Pedro do Atacama, na região de Antofagasta, e concentra boa parte dos aymaras chilenos. A missionária de Missões Mundiais na cidade de Arica, Narrimãn Nuñez, fala do Chile com propriedade, já que em 1986, ainda solteira, integrava a primeira equipe de missionários enviada ao país pela Convenção Batista Brasileira. Com o seu marido e companheiro na obra, Pr. Juan Carlos Nuñez, hoje Narrimãn vê o Chile como uma nação a ser alcançada. Ela aponta como maiores desafios a liberdade para a evangelização estratégica, muitas vezes cerceada devido a chegada de muitas seitas e linhas filosóficas que confundem as pessoas, a intensificação do discipulado, principalmente entre os povos não-alcançados – como os aimarás.

A necessidade por mais obreiros no Chile é maior na região onde estão os aymaras. A localidade tem apenas três casais de obreiros da terra. Em 1999, a Convenção Batista Chilena solicitou missionários brasileiros para a fronteira norte do país, com o Peru e a Bolívia, em Tarapacá, onde começa o Deserto do Atacama. Há 10 anos, o casal Pr. Juan Carlos e Narrimãn Nuñez se tornou pioneiro no trabalho missionário entre essa etnia. Tão intensos como os tremores de terra naquela região, assim precisa ser a pregação da Palavra de Deus para que os aymaras chilenos despertem para um compromisso real com Jesus e estejam dispostos a obedecer ao chamado do Senhor. Este “abalo” espiritual deve despertar vocacionados dispostos a serem treinados e enviados ao Chile.

Para chegar até os confins da terra é preciso estar disposto a enfrentar grandes desafios, como nossos missionários têm enfrentado. No Chile, as estradas são dif íceis, entre abismos; as enfermidades vasculares são causadas pela altitude; as águas, pesadas em minerais, provocam problemas renais e outras doenças. Nada disso tem sido impedimento para a evangelização do país, nem mesmo na faixa norte, a mais carente de missionários.

JMM

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