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O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), diz acreditar que, com a desfiliação e a renúncia do ex-governador em exercício, Paulo Octávio, o partido não precisará mais dar explicações sobre o suposto esquema de corrupção no governo do Distrito Federal. O esquema, que seria comandado pelo governador afastado José Roberto Arruda – também desfiliado do DEM – ficou conhecido como mensalão do DEM.

– A nossa posição é firme. Do mesmo jeito que tratamos o caso Arruda, tratamos o caso Paulo Octávio. Eles não são mais membros do partido. O partido não deve mais nenhuma satisfação sobre qualquer ação que venha do senhor Arruda e do Paulo Octavio.

A Executiva Nacional do DEM se reúne amanhã para discutir a situação no DF. Caiado e o senador Demóstenes Torres, também de Goiás, pretendiam apresentar pedido de expulsão de Paulo Octávio e intervenção no diretório regional do partido. Os dois alegam comprometimento da direção local do partido.

– Ele sabia que nós apresentaríamos o recurso amanhã e a tendência majoritária da Executiva e também da bancada era totalmente favorável à sua desfiliação. Ele, sabedor disso, fez como o Arruda, bateu em retirada.

O vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, renunciou ao cargo de governador interino nesta terça-feira (23) e deixou o comando do DF nas mãos do presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR). Ele estava no cargo desde o dia 11 de fevereiro, quando o governador afastado José Roberto Arruda foi preso e já havia ameaçado abandonar o cargo na semana passada.

Em sua carta de renúncia, Paulo Octávio disse que não conseguiu reunir apoio suficiente para retirar o governo da crise que atinge o DF desde a deflagração da operação Caixa de Pandora, no fim do ano passado. A operação da Polícia Federal investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo, entre outros, Arruda, Paulo Octávio, secretários e deputados distritais. 

Lima, o terceiro governador do DF em menos de 15 dias, disse que assume o governo em momento “delicado” e que não pretende fazer “mudanças bruscas” na administração. Ele diz em nota que fará a transição entre um “governo eleito e outro governo”.

Um pedido de intervenção federal no DF está sob análise no STF (Supremo Tribunal Federal). Caso seja aprovada, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomear um interventor.

A crise no Distrito Federal começou no fim do ano passado, após a deflagração da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. As investigações apontam para um suposto esquema de pagamento de propina a aliados de Arruda.
O esquema, denunciado por Durval Barbosa, ex-secretário do governo, seria uma espécie de “pedágio” cobrado por Arruda para que empresas conseguissem contratos com o governo. O dinheiro arrecadado, segundo o inquérito da PF, era dividido entre Arruda, o vice-governador, Paulo Octávio, além de secretários e assessores da administração do DF. Eles negam envolvimento e a existência do esquema.

No dia 11 de fevereiro, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou a prisão de Arruda e de outros cinco envolvidos no caso. Eles são suspeitos de tentarem subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, uma das testemunhas no processo. A tentativa foi flagrada em vídeo pela PF.

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